Reflexão do Evangelho de Sábado – 22 de Março
Reflexão do Evangelho
de Sábado – 22 de Março
Lc 15, 1-3.11-32:
Parábola do filho pródigo
Uma
das mais belas passagens do Evangelho sobre o rosto de Deus é a parábola do
filho pródigo. Ela descreve, em detalhes, a conduta de dois filhos e o
sentimento do pai em relação a cada um deles. O intuito de Jesus é revelar Deus
como o Pai misericordioso, solícito e pronto a perdoar e a acolher em sua
inesgotável bondade os pecadores arrependidos.
À
atitude amorosa do pai opõe-se a reação áspera e egoísta do irmão mais velho. Para
este, a misericórdia é incompreensível. Mas o pai, apesar de o filho mais jovem
ter esbanjado o dinheiro, que ele lhe tinha dado, dedica-lhe um amor
inquebrantável e generoso. Longe, em terras estrangeiras, o filho mais jovem
não deixa de sentir as marcas do amor do pai, presentes em seu coração. Humilhado,
mas arrependido, ele retorna à casa paterna, decidido a declarar sua culpa. A
solicitude do Pai, sua bondade incansável, confunde o filho mais velho, que
voltava do trabalho. Também nós ficamos pasmos com a cena que se segue. O filho
pródigo, ainda distante, vislumbra o vulto do pai, que ao percebê-lo corre ao
seu encontro. A emoção do filho é enorme. A caminho da casa paterna, tantas
ideias tinham passado por sua cabeça. Imaginava declarar sua culpa, pedir
perdão, prostrar-se aos pés de seu pai. Mas o pai não deseja moralizar ou
prescrever modos de agir. Quer simplesmente acolhê-lo. O filho não consegue nem
mesmo chegar ao final de suas primeiras palavras, previamente preparadas, pois “ao
vê-lo, o pai se encheu de compaixão e se lançou ao seu pescoço, cobrindo-o de
beijos”.
O perdão é tão
evidente, que o pai não necessita dizer nada. Suas ações falam mais alto e
claramente. Ele manda revesti-lo de roupas bonitas, coloca o anel em seu dedo e
ordena que preparem um banquete em sua honra. Proclama-se a vida digna e alegre
de alguém que retorna ao lar. O filho pródigo toma consciência do privilégio de
ser membro daquela família. A atitude diferente dos filhos assinala as opções diferenciadas
de nossa liberdade, o que leva São Gregório Magno a dizer: “Podemos cair, pelo
excesso de desejos e preocupações, abaixo de nós mesmos ou sermos elevados
acima de nós, pela graça da contemplação do Pai”.
A
atitude do pai, perscrutando o horizonte à espera do filho, nos enternece. Seus
olhos, cansados de mirar as colinas distantes, veem o vulto que se aproxima e
ao reconhecer ser o filho esperado, vai ao seu encontro, abraça-o e o reconduz ao
aconchego do lar. Grande é sua alegria, “porque seu filho perdido e
reencontrado se tornava mais querido, pois reencontrado. Um pai, mais pai que
Deus, não há; um mais terno, não há. Tu que és seu filho, saibas que mesmo após
ter Ele te adotado, se tu o abandonas e voltas nu, Ele te receberá: Ele se
alegrará ao te rever” (Tertuliano).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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