Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 01 de Abril
Reflexão do Evangelho
de Terça-feira – 01 de Abril
Jo 5, 1-16: Cura do enfermo
na piscina de Betesda
As galerias da piscina “que, em hebraico, se chama Betesda, com cinco
pórticos”, estavam repletas de doentes. Um deles, doente há 38 anos, suspirava
por alguém que o ajudasse a chegar às águas. Quando agitadas pelo Anjo do
Senhor, “o primeiro, que aí entrasse ficava curado”. O tempo de sua doença
insinua o período passado pelo povo judeu no deserto, na expectativa de entrar
na Terra Prometida.
De repente, uma voz, suave e tranquila, pergunta-lhe: “Queres ficar
curado?” A iniciativa é tomada por Jesus. Não houve nenhuma súplica do enfermo,
nenhum pedido. Ouvindo-o, a surpresa e a alegre esperança invadem seu combalido
corpo, e, com voz trêmula, ele responde: “Não tenho quem me jogue na piscina,
quando a água é agitada; ao chegar, outro já desceu antes de mim”. No horizonte
o brilho do sol, no coração do enfermo o fogo do amor divino. Cansado e
fatigado pela longa espera, ele se sente ofuscado por uma luz incompreensível e
inefável. Nada diz, mas aos seus ouvidos soam palavras enternecedoras e
misericordiosas: “Levanta-te, diz Jesus, toma o teu leito e anda!”. O homem
obedece: ele está curado!
Bela
é a descrição feita por S. João Crisóstomo: “Uma multidão de enfermos jazia ao
lado da piscina, mas a enfermidade deles os impedia de entrar na água para
serem curados. Em nossos dias, todos podem se aproximar, e não podemos dizer: ‘outro
já desceu antes de mim’, pois mesmo se o mundo todo aí estivesse a graça jamais
se esgotaria, assim como um raio de sol não diminui se muitos gozam de sua
luz”. Repetem-se aqui as mesmas palavras ditas pelo Mestre ao paralítico de
Cafarnaum: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. Tais milagres são apenas um
componente, nem mesmo decisivo, da atividade terrena de Jesus.
O milagre deu-se na
piscina de Betesda, que significa “casa de misericórdia”. A propósito, a revelação
plena da misericórdia divina é Jesus, que se compadece do cego e o levanta,
reintegrando-o na comunidade. Cena que nos toca e nos leva a unir-nos à própria
compaixão que o Senhor tem pelo cego, representante de todos os que são
chamados a entrar na liberdade da Terra Prometida. Ora, os fariseus e
sacerdotes criticam Jesus por curar no dia de sábado, esquecendo-se de que o sábado
é, principalmente, dia de festa e de encontro com Deus, dia de misericórdia e
de libertação do pecado.
Dessa maneira, as
palavras dos seus acusadores atestam a sua sublime missão, e os discípulos
compreendem que segui-lo é “ser misericordioso como o Pai é misericordioso”. Então
eles participarão da divina “paixão de amor” e proclamarão que o desígnio de
Deus na história é manifestar a sua misericórdia, força interior que permite
superar o individualismo e alcançar a liberdade interior na vida em comunhão e na
comunhão de vida.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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