Reflexão do Evangelho de Terça-feira – 25 de Março
Reflexão do Evangelho de Terça-feira
– 25 de Março
Lc 1, 26-38: Anunciação do
Senhor
O arcanjo Gabriel anuncia a Maria que o
Espírito Santo descerá sobre ela e a cobrirá com a sua sombra, assim como a
nuvem, presença de Deus, tinha descido sobre o monte Sinai. Por isso, aquele
que nascer dela será santo e chamado Filho de Deus. Com a resposta: “Seja feita
a tua vontade”, Maria abre, por assim dizer, a humanidade à ação santificante
do Espírito divino, que preside ao nascimento de Jesus. Nesse sentido, S.
Justino e S. Irineu irão considerar esta passagem à luz do relato do Gênesis,
traçando um paralelo entre Maria e Eva, “mãe de todos os viventes”, entre o
“fiat”, o faça-se da anunciação, e a desobediência dos primeiros pais, causa
decisiva do pecado original. De fato, à pergunta de Maria “como é que vai ser
isso?”, o anjo a leva à fé e à obediência, ao contrário do anjo mau que incita
Eva à desobediência e à incredulidade.
Acentuado
pela Tradição antiga, também pelos comentadores contemporâneos, tal paralelismo,
longe de ser artificial, oferece ao acontecimento um alcance absolutamente
universal. Observa S. Beda: “Como Eva trouxe no seio toda a humanidade
condenada ao pecado, agora Maria traz no seu seio o novo Adão que, com a sua
graça, dará vida a uma nova humanidade”. Aquele que nasce de Maria é um dentre
nós, capaz de englobar todos nós, incluindo todas as possibilidades de nossa
humanidade, sem excluir nada de cada um, a não ser o pecado. Por isso, não
seria ousado declarar que Ele só podia fazer-se homem nascendo da Virgem Maria,
herdeira da história da salvação.
Se na origem, houve o casal Adão e Eva,
agora, no princípio da nova criação, também há uma mulher e um homem, José,
indicado como sendo “da linhagem”, “da casa de Davi”, o que atesta o
cumprimento das profecias e proclama que Jesus é o Messias esperado e anunciado
pelos profetas. Mais vigorosa ainda torna-se a realização das profecias, pois ao
dizer que “o anjo Gabriel foi enviado por Deus”, acentua-se que ela procede do
alto e que é iniciativa do Deus Altíssimo. Eis o supremo mistério da fé cristã:
Aquele que nasce da Virgem Maria é o Messias Salvador, que, por sua natureza, é
humano e divino.
A
saudação inicial: “Ave, cheia de graça” declara ser Maria efetivamente
“cumulada de graça”, dom divino, não proveniente de seus méritos, mas fruto da
suprema benevolência de Deus. Por graça divina, ela é concebida sem pecado
original, o que a torna Templo ou morada (shekinah) da glória de Deus, da qual
nascerá Jesus (Yoshua, que significa “Yah é Salvador”), o Filho do Altíssimo,
cujo “Reino não terá fim”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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