Reflexão do Evangelho de Segunda-feira – 10 de Março
Reflexão do Evangelho
de Segunda-feira – 10 de Março
Mt 25, 31-46: O último julgamento
A
figura do Messias se destaca da visão profética de Israel e de seu reino, e
apresenta-se como a do “Filho do homem”, título não empregado em seu tempo. A
passagem de Mateus refere-se ao texto bíblico de Daniel, 7, que traça, no
interior de um quadro obscuro, a vinda do senhor do mundo na imagem de um “ancião
dos dias”, “a quem foram dados a dominação, a glória e o reino, e todos os
povos, nações e línguas devem servi-lo. O seu reinado é eterno”. Em sua
primeira epístola aos Coríntios, S. Paulo diz ser o Filho do homem Jesus
ressuscitado, primícias de nossa própria ressurreição (15,13ss). Assim, no fim
dos tempos, tendo estabelecido sua dominação celeste sobre todo o universo, por
sua ressureição e a nossa, Ele remete ao Pai o Reino, no qual o mundo atinge o
seu fim. É o fim dos tempos, descrito não como dissolução aterradora do mundo
atual, nem como causa de medo e insegurança.
Ao falar de sua
segunda vinda, Jesus não quer transmitir temor, mas sim confiança e esperança. A
parábola, contada a seguir, fala da necessidade da vigilância, pois não se dispensa
uma preparação adequada para o decisivo encontro com Ele. Mas sua vinda
gloriosa é descrita como o cumprimento do misericordioso e eterno desígnio
divino de salvação. S. João Crisóstomo observa: “Assim como o Senhor disse a
Tomé: ‘coloque aqui teu dedo’, naquela ocasião, ele mostrará suas chagas e sua
cruz, e todos hão de reconhecê-lo como aquele que foi crucificado. Eis o sinal
salutar, grande, esplendoroso da benevolência divina”. A dúvida e a incerteza, aninhadas em tantos
corações, irão se dissipar e, confiantes no Senhor, todos verão nele a realização
de sua esperança. Será o momento triunfal do retorno do Filho de Deus, que veio
não para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo.
“Vigiai, pois!”, repete Jesus. Ansiosos, os discípulos aguardam a visão
beatífica, quando então passarão da imagem transitória do mundo à realidade
divina, em que o tempo será absorvido pela eternidade. A expectativa é grande.
Eles esperam com fé e operosa dedicação. Agora, no tempo presente, eles arregaçam
as mangas para fazer crescer os talentos recebidos. Lá, no fim dos tempos, o Senhor,
o bom pastor, estará separando as ovelhas dos cabritos, os bons dos maus, não
como acusador, mas como defensor e advogado. Aos bons, que se comportam como o
Samaritano, manifestam-se “as entranhas de misericórdia” do nosso Deus e, aos
seus ouvidos, soarão as palavras: “Vinde, benditos de meu Pai”. Benditos porque pertencem ao Pai que, pela
graça divina, os acolhe como coerdeiros da bem-aventurança eterna, enlaçando-os
em seus braços amorosos.
No
entanto, permanece a dúvida: a que povo nós pertencemos? S. Agostinho dirá que
“há dois tipos de povo, como há dois modos de amar. Um é santo, outro é
egoísta. Um está sujeito a Deus, outro quer se tornar igual a Ele”. O amor “sujeito
a Deus” leva-nos a realizar as palavras de Jesus: “Eu tive fome, e me destes de
comer, eu estive nu e me vestistes”. São as obras de misericórdia, reconhecidas
e exaltadas pelo Senhor, que as autentica com as palavras: “Todas as vezes que
fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o
fizestes”. É o florescer da esperança, semente de vida eterna, que, no tempo
presente, germina em nossa alma. Os temores e tremores são banidos do nosso
coração e realiza-se o desígnio eterno do Amor de Deus, pois o Deus-amor dá-se
a nós e se expressa em nós, no amor que dedicamos aos nossos semelhantes.
“Senhor Jesus, sede o
Mestre do nosso coração, para que sempre nos anime a mesma caridade com que nos
amastes”.
Dom Fernando Antônio
Figueiredo, OFM
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