Reflexão do Evangelho de domingo 21 de agosto





Reflexão do Evangelho de domingo 21 de agosto

Lc 1,39-56 – Assunção de Nossa Senhora

                        

Nessa passagem do Evangelho, ao iniciar o relato com a expressão “naqueles dias”, S. Lucas designa os acontecimentos primordiais, remetendo seus leitores às origens da fé. De modo especial, ele destaca a prontidão de Maria, segredo que lhe permite estar aberta a Deus, de modo que o Espírito Santo irrompa em sua vida simples e humildade, armando nela sua tenda. Por isso, diz o anjo à Virgem: “O Santo que nascer será chamado Filho de Deus”. O Espírito vem não como uma irrupção profética, para que ela cumpra temporariamente uma missão, mas Ele vem e permanece nela, para sempre. Seu Filho nasce da força do Espírito Santo; Ele procede do próprio Deus: É o Santo, o Filho de Deus.

A alegria da vinda de Jesus é manifestada por João Batista, ainda no seio de sua mãe, Isabel. Maria, ao saber que sua prima esperava uma criança, dirige-se à sua casa para servi-la, prontamente, ou, no dizer de S. Bento: “no passo alegre da obediência e na agilidade do temor de Deus”. S. Ambrósio diz por sua vez: “Maria é movida pela alegria de servir, levada pela piedade em cumprir seu dever de parente e pela pressa do júbilo. Repleta de Deus, como não alcançaria vivamente os cumes da caridade? O dom do Espírito Santo ignora toda demora! ”. Maria parte, movida pela prontidão da caridade, motivo de uma nova intervenção divina, pela qual Isabel e seu filho, João Batista, rendem homenagem ao Filho de Maria. Assim, ao chegar à casa de sua prima, abrem-se os olhos interiores de Isabel e ela vislumbra uma luz que ninguém poderá obscurecer: em seu seio estremece a criança, seu filho João é santificado, e ela “ficou cheia do Espírito Santo”. Diante de tal cena, Orígenes proclama: “A voz da saudação de Maria, que chega aos ouvidos de Isabel, plenifica João com o Espírito Santo, e sua mãe torna-se como que a boca do seu filho, profetizando: ‘Tu és bendita entre as mulheres, e o fruto de teu ventre é bendito’”.

        A vocação de Maria não se esgota na chamada de Deus, tampouco na resposta, mas orienta-se para a missão que ela terá como Mãe do Filho de Deus e, nele, como nossa Mãe. Sua voz se eleva e louva a Deus, pois ela reconhece que o que nela se realiza é obra do Altíssimo, no qual ela encontra sua verdadeira riqueza: só quem se abre à profundidade da misericórdia divina é atingido por esse evento de ternura e de amor e recebe a graça do perdão, seu verdadeiro tesouro. A prece de Maria, sentida e espontânea, alegre e cheia de esperança, proclama a benevolência divina para com os pequenos e humildes de coração, e anuncia a vinda daquele que irá inaugurar algo de radicalmente novo neste mundo: os pobres em espírito se tornam ricos e recebem o cêntuplo nesta terra e a vida eterna no futuro.  Não há como vacilar. Realiza-se em Maria a esperança que palpita em nossos corações: a nossa glorificação em corpo e alma, pois ela, “após ter terminado o curso de sua vida, foi elevada, em corpo e alma, à glória celeste”. A festa da Assunção de Maria proclama que já celebramos, antecipadamente, a nossa participação na vida eterna do seu Filho Jesus: “Em uma palavra, confessa André de Creta, a transfiguração de nossa natureza começa hoje”.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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