Reflexão do Evangelho de quarta-feira 17 de agosto





Reflexão do Evangelho de quarta-feira 17 de agosto
Mt 20, 1-16 - Parábola dos trabalhadores da vinha
      

       Logo no início da parábola, Jesus compara o Reino dos Céus a uma vinha, em que o seu dono paga os trabalhadores não, simplesmente, de acordo com os resultados obtidos, mas conforme a sua generosidade. Segundo a alegoria do profeta Isaías, a vinha representa Israel, povo por Ele escolhido, multiplicado, transferido para a Terra Prometida e por Ele protegido. Em Jesus, os horizontes se tornam mais amplos: Ele oferece a salvação, não apenas a um povo, mas a todos os povos, nos múltiplos períodos de sua história, o que é simbolizado no fato de o vinhateiro sair em diferentes horas do dia, para contratar operários. Ao fim da jornada de trabalho, a atitude do vinhateiro é a tradução da misericórdia de Deus, pois comenta S. Cirilo de Alexandria: “Ele dá a mesma importância em pagamento pelo trabalho realizado”. Não importa o tempo empregado. Em seu amor misericordioso, Jesus introduz seus ouvintes, de modo simples e penetrante, na extraordinária generosidade e compaixão de Deus por todas as pessoas, de todos os tempos.
       Pela leitura da parábola, é fácil deduzir que a falta de trabalho significa não ter alimento à mesa familiar. Daí a compaixão do dono da vinha. Caso contrário, os trabalhadores voltariam para casa sem o necessário para o sustento de sua família. Porém, examinando o relato sob o ângulo da justiça, torna-se compreensível a reação dos que chegaram à primeira hora e trabalharam mais do que os outros, que suportaram o calor do dia. Parece-nos natural que eles se sintam lesados ou injustiçados. Mas, talvez, o maior motivo da revolta seja a não aceitação dos direitos e privilégios daqueles que chegaram à última hora, pois todos receberam o que tinham acordado com o vinhateiro. A parábola procura exatamente destacar este aspecto para realçar a inveja, pois ela faz ter, no dizer de Jesus, “o olho mau”, que vê o mal onde só existe bondade.
       A intenção da mensagem transmitida pelo Senhor é levar os da primeira hora, o povo judeu, à compreensão do mistério da salvação, dádiva que Deus, em sua inefável generosidade, está sempre disposto a conceder a todos. Ao contrário dos fariseus, que estabeleciam uma equivalência rigorosa entre a observância da Lei mosaica e a retribuição divina, Jesus mostra que a relação entre Deus e os homens se estabelece pelo amor, e não pelo mérito do cumprimento da Lei.
       A parábola reflete, assim, a surpreendente generosidade de Deus, que Jesus chama de Abba, um Pai que se define como “Oceano de Caridade” e com quem cada pessoa pode confidencialmente falar, um Pai que a ama e aguarda o seu amor. Nele não há espaço para exclusão, pois todos são seus filhos e filhas amados, chamados a trabalhar na mesma vinha, o mundo, e a receber o mesmo salário: a salvação eterna.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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