Reflexão do Evangelho de quinta-feira 04 de agosto





Reflexão do Evangelho de quinta-feira 04 de agosto
Mt 16,13-19 - Confissão do Apóstolo S. Pedro


       Na bela cidade de Cesareia, reedificada pelo tetrarca Felipe, no ano 3 a.C., com o desejo de formar e constituir o novo povo de Deus, Jesus interroga os discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou? ”. A opinião popular identificava-o com um dos profetas do passado. “Responderam-lhe: uns afirmam que és João Batista, outros que és Elias, outros, ainda, que és Jeremias ou um dos profetas”. Voltando-se para os Apóstolos, Ele pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou? ”. Os Apóstolos, diz S. Hilário, “pressentem que para além do que se via nele, havia algo mais”.
Em nome de todos, não fundado em premissas puramente humanas, Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Momento solene e revelador. Através de suas palavras, Pedro expressa uma realidade divina, confirmada pelo próprio Senhor: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas! Não foram o sangue nem a carne que te revelaram isto, mas sim o meu Pai que está nos céus”. A verdadeira identidade de Jesus, sua filiação divina, declarada por Pedro, é revelada pelo Pai, e reflete a profissão de fé da Igreja da nova Aliança: “O Senhor está vivo”.  Trata-se de algo que acontece por graça divina; é revelação do alto, que nos permite reconhecer a convicção da Igreja primitiva de que a vida cristã nasceu da mensagem e da atuação de Jesus, e da experiência de ser Ele a manifestação da infinita misericórdia do Pai.   
A partir de então, Jesus profere apenas algumas afirmações. Ao declarar: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”, Ele ratifica o nome dado a Simão, para designar ser ele a pedra, fundamento da Igreja, que superando a “qahal”, assembleia dos fiéis do Antigo Testamento, passa a significar a reunião de todas as gentes no único povo de Deus. O fato de S. Paulo denominá-lo “Pedro” e não “Simão”, em tão pouco tempo após a morte de Jesus, indica a existência de uma tradição já estabelecida. Ele é a rocha sobre a qual Jesus irá construir a comunidade de seus seguidores, que resistirá para sempre contra todas as forças inimigas, pois Ele estabeleceu com ela uma aliança eterna.
As palavras seguintes, narradas pelo Evangelista: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”, sugere que Pedro se tenha tornado a rocha do núcleo inicial da comunidade cristã, com poderes de ordem espiritual, que evocam a ideia rabínica de excluir alguém da comunidade ou nela admitir.
Em suma, a base do ministério de Pedro está no fato, escreve Orígenes, “de ele ter dito ao Salvador: ‘Tu és o Cristo’; melhor ainda, por tê-lo reconhecido como ‘o Filho do Deus vivo’”. Esta mesma verdade será proclamada por seus sucessores, hoje o Papa Francisco, como também por todos os que seguem Jesus, aos quais Ele diz: “Bem-aventurados sois vós”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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