Reflexão do Evangelho de sexta-feira 26 de agosto
Reflexão do
Evangelho de sexta-feira 26 de agosto
Mt 25, 1-13 - Parábola
das dez virgens
O simbolismo apocalíptico corre como um fio
de luz ao longo das mensagens de Jesus, cuja intenção é anunciar o Reino de
Deus; vale dizer, a salvação para os “acordados” e o julgamento para os que se
fecham à sua mensagem. Mas se o estado escatológico é uma realidade futura, ele
é também a experiência presente, acessível em Jesus, do seu amor misericordioso,
fonte de perdão e início de um novo caminho na verdadeira nova criação de Deus.
Assim, para compreender a parábola das dez virgens, algumas prudentes e outras
não, é preciso situá-la na experiência de fé, evitando estabelecer uma
correlação entre o relato e o curso real dos acontecimentos.
Todavia, o “reinado de Deus”, que se apresenta
em Jesus e que “ainda está a caminho”, é descrito como uma festa de núpcias ou
um banquete. Ninguém é excluído dele. É um acontecimento que exige uma condição:
trazer uma lâmpada acesa, símbolo da vigilância ou, no dizer de S. Agostinho, “sinal
das boas obras realizadas com coração puro”. Seus ouvintes começam, então, a
compreendê-lo, sobretudo, pelo fato de a expectativa do Reino futuro ser
traduzida na prática da vida atual, pois trazer uma lâmpada acesa significa conservar
a “sobriedade” (nepsis) e “a integridade interior”, alijando do coração o
pecado e a dispersão espiritual. Abre-se para aqueles que estão vigilantes, ou
melhor, para os que vivem a beleza, a justiça e a sensatez, um futuro de vida
pessoal, não limitado ao mundo visível e transitório.
As virgens que não tinham suas lâmpadas
acesas são consideradas por S. Gregório de Nissa como as que “não tinham em
suas almas a luz da virtude, e em seu pensamento a lâmpada do Espírito. Elas
são denominadas insensatas, porque a virtude é alcançada e vivida antes da
chegada do Esposo”. O sono físico, provocado pela demora do esposo, não impede
a vigilância, que é espiritual. Diz A. Feuillet, renomado exegeta: “Velar, é pensar
em Jesus; é sentir sua ausência como um vazio imenso”.
Por
conseguinte, todos são convidados a participar do banquete, que representa a
segunda vinda de Cristo, dia em que todo segredo é manifestado e cada um reconhece
o seu nome, a sua identidade em Deus. É o triunfo visível de Deus no mundo e a
restauração final da criatura humana: momento em que os seres criados são
libertados da situação de pecado e de degradação em que caíram. Quer dizer,
deve-se estar prudentemente preparado para a chegada do Senhor, não importa o
tempo de sua vinda: o irreparável não é a falta do azeite, mas a ausência do
Espírito, que nos santifica e nos torna, pouco a pouco, perfeitos, graças ao
amor e a esperança infundidos em nossos corações.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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