Reflexão do Evangelho de quarta-feira 10 de agosto
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 10 de agosto
Jo 12,
24-26 - Jesus anuncia a sua glorificação
Acirram-se contra Jesus os ânimos
instáveis de seus inimigos, sobretudo, a partir do momento em que Ele declara
ser o Filho de Deus. Pressentindo o momento doloroso de sua paixão e morte,
Jesus une ao sacrifício na cruz a sua glorificação pelo Pai: “É chegada a hora,
diz Ele, em que será glorificado o Filho do Homem”: Ele fala do mistério de sua
morte, dom da própria vida, do qual brota o fruto do amor fraterno. Os
Apóstolos, no entanto, entenderam essas palavras ao seu modo. Lembram-se da entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém e julgam ter chegado, finalmente, a hora da
manifestação gloriosa do Messias.
Jesus,
porém, joga água na fervura. Ele volta a falar sobre sua morte próxima e compara
a sua missão ao grão de trigo, lançado em terra, dizendo: “Se ele não morrer,
permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto”; a hora de sua
glorificação é também a hora de sua paixão. Nas palavras e obras de Jesus, em
sua vida, principalmente, em sua morte e ressurreição, Ele é glorificado pelo
Pai: “hora” de sua manifestação como Filho Unigênito de Deus. Assim, sua missão
reveste-se de morte e vida, de vida na morte, morte que sela a reconciliação da
humanidade com o Pai. Para os Apóstolos, à primeira vista, essas palavras
parecem enigmáticas. Só mais tarde, eles irão compreender que, sob a figura
humana do Mestre, revela-se a sua natureza divina, que irá iluminar a
humanidade toda inteira.
Contudo,
impõe-se também para os discípulos uma lei, a “lei do grão de trigo”, formulada
nas palavras: “Quem ama sua alma perde-a, e quem odeia sua alma neste mundo
guarda-a para a vida eterna”. Odiar sua alma significa não atribuir valor supremo
e absoluto à vida terrena; é estar pronto a tudo para segui-lo. O caminho para
se chegar ao Reino passa pelo desprendimento, e a liberdade de espirito será o
que há de mais familiar na vida dos discípulos.
A
liberdade vivida por Jesus será então participada por eles, de tal modo que
eles e a liberdade não serão duas entidades separadas, eles mesmos hão de se
tornar expressão dela, e com S. Paulo dirão: “Já não vivo, pois é Cristo que
vive em mim” (Gl 2,20). No final, a cruz de Jesus constituirá vitória sobre a
morte e o ser humano regenerado e reconstituído estará sentado com Ele à destra
do Pai.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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