Reflexão do Evangelho de sábado 06 de agosto
Reflexão
do Evangelho de sábado 06 de agosto
Lc
9,28-36 - Transfiguração do Senhor
A fonte de inspiração e a referência
essencial da vida cristã é a nossa solidariedade com Jesus, pois, pela sua
Encarnação, nossa vida, morte, dor, sofrimento estão incluídos em sua obra redentora.
Podemos, então, dizer que a sua ressurreição é a vitória definitiva do primeiro
de todos os homens; ela é a luz que ilumina não só o nosso futuro, mas também o
momento presente, como atesta a Transfiguração, que evidencia a certeza de que
o homem, caído em Adão, reergue-se em Jesus e participa, desde já, da vida feliz
e eterna em Deus.
No
alto da montanha, contemplando a face do Cristo transfigurado, os Apóstolos sentem-se
inebriados, e, pasmos, desejam perpetuar aquele momento: “Façamos três tendas,
uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Emocionados, veem Jesus falando com Moisés, o
grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas. Eles partilham
da glória de Cristo. De fato, a humanidade de Jesus, longe de se evaporar na
glória celeste, permite que os Apóstolos contemplem a luz eterna de sua
divindade e compreendam que, em sua vitória, o ser humano se eleva e é, desde
agora, misteriosamente vencedor. No Messias humilhado e sofredor da cruz, nós somos
tocados pelo Filho do Homem, que nos conduz ao Reino misericordioso do Pai;
agora, transfigurado, nós o conhecemos de um modo diferente, cativante, com o
fascínio irresistível daquele que cria ao seu redor uma atmosfera de paz, de
amor e de alegria.
Realidade
consoladora e reconfortante, pois o esplendor da luz divina envolve os
Apóstolos e leva Pedro a exclamar: “Rabi, é bom estarmos aqui”. Através da
abertura do mistério, ele entrevê a face humana do Filho de Deus e, na treva
mais que luminosa do silêncio, ele se sente arrebatado e completamente
maravilhado: é a realização do desígnio originário de Deus, que compreende não
apenas o aspecto espiritual do homem, mas a totalidade de sua pessoa, alma e
corpo. Mais tarde, S. Gregório Palamas dirá: “Se o corpo deve tomar parte, com
a alma, dos bens inefáveis no século futuro, é certo que também deles deve
participar, na medida do possível, desde esta vida”.
Em outras palavras, a Transfiguração de Jesus assegura-nos
que, graças à misericórdia divina, teremos também, na medida de nossa fé e de nossas
obras, de nossa esperança e de nossa caridade, um corpo transfigurado
semelhante ao do Senhor. Lá, no alto do monte Tabor, engalanado de luz, Jesus
prenuncia o início da verdadeira nova criação de Deus, que desponta e madura
dentro da vida do homem mortal: trata-se do corpo transfigurado, livre dos
incômodos terrestres e participante da glória de Deus, na expectativa da segunda
vinda do Senhor, que marcará o triunfo visível de Deus. Com a ressurreição
final, a morte, sem deixar de ser um fator da vida humana, não dominará mais o
homem em seu destino final, pois “assim como todos morreram em Adão, todos
reviverão em Cristo” (1Cor 15,22).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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