Reflexão do Evangelho de sexta-feira 19 de agosto
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 19 de agosto
Mt
22,34-40 - O maior mandamento
No
mundo judaico, os mandamentos do amor a Deus e ao próximo, embora pronunciados em
contextos diferentes, são fundamentais aos membros do Povo de Deus. O mundo
grego destacava também dois mandamentos principais: a veneração a Deus (eusébeia) e a reta e justa relação para
com os semelhantes (dikaiosyné). Assim,
à pergunta de um escriba sobre qual seria o maior e primeiro mandamento, Jesus
cita aquele que fazia parte da profissão de fé monoteísta de cada judeu: amar a
Deus de todo coração e com todas as suas forças. Mas, por iniciativa própria, Ele
acrescenta um segundo mandamento: amar o próximo como a si mesmo (cf. Lev.
19,18). Se as Escrituras os citam, separadamente, Jesus os une, intimamente, e
manifesta serem eles expressão do amor de Deus para conosco.
Ao assumir a realidade
humana, Jesus inclui nele a humanidade regenerada e nos torna participantes da
vida divina. Por isso, sendo a “suprema epifania” do amor incomensurável de
Deus, Ele nos permite amar, em seu próprio amor, o Pai e os nossos semelhantes.
Eis a chave de nossa esperança, com a qual abrimos a porta do nosso coração
para entrever o novo horizonte do Povo de Israel, renovado por Jesus.
Nesse sentido, é significativa
a frase de S. Gregório de Nazianzo: “O que não foi assumido, não foi salvo”, ou
a declaração de S. Atanásio: “Deus se fez homem para que o homem se tornasse
Deus”, pois a humanidade de Jesus não é, simplesmente, semelhante à nossa: trata-se
da nossa humanidade, a mesma que está em nós. Jesus é verdadeiramente o “novo
Adão”, em quem cada ser humano encontra suja natureza plena e perfeitamente
realizada. Aqueles que abraçam, por um empenho pessoal e livre, a nova vida em
Cristo, participam do seu amor, amando como Ele amou a todos, quaisquer que
eles sejam. Diante desses ensinamentos, exclama o escriba: “Isso vale mais do
que todos os holocaustos e sacrifícios”.
Por conseguinte, o amor cristão não se reduz a um mero sentimento; ele provém
de nossa união a Cristo, em quem a natureza humana não é abolida, mas
restaurada e transfigurada. Em sua totalidade, alma e corpo, o ser humano é
verdadeiramente, no dizer de S. Irineu, imagem e semelhança de Cristo, pois ele
traz em sua vida um aspecto pessoal, que o conduz não só a uma unidade interna,
mas a um autêntico relacionamento com Deus e com seus semelhantes.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
Comentários
Postar um comentário