Reflexão do Evangelho de quinta-feira 25 de agosto
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 25 de agosto
Mt
24,42-51 - Vigiar para não ser surpreendido
Após contar a parábola da figueira, Jesus fala
da necessidade de vigiar em todo tempo. Trata-se do reinado de Deus, que foi estabelecido
por Ele, não como uma realidade pronta e acabada, mas, no dizer de S. Gregório
de Nissa, “como um estado dinâmico do homem e de toda a criação”, em sua
ascensão de amor para Deus. Daí suas respostas enigmáticas sobre o dia de sua
vinda, interpretadas por S. João Crisóstomo como um apelo para que “cada pessoa
sempre o espere e sempre se empenhe no serviço aos pobres e desvalidos”.
O Senhor se ocupa, com solicitude, da conduta
de seus discípulos. Sua misericórdia ia às mais humildes criaturas,
abrindo-lhes um mundo novo e introduzindo-as numa nova prática de convivência: amor
a Deus demonstrado na ternura pelo próximo e em serviço. Porém, tudo depende da
decisão de cada um. Ou ele participa pessoalmente do “pecado do mundo”, ou procura
viver a virtude, que visa não simplesmente uni-lo a Deus, mas exprimir a
unidade de Deus através da comunhão com a totalidade dos seres criados: escapa-se,
de certa forma, ao tempo para viver a eternidade da fraternidade
verdadeiramente humana e universal. Essa leitura permite compreender o mistério
da encarnação, a ressurreição e a vinda do Senhor, não apenas como irrupções da
ação divina na história, mas como acontecimentos interiores, que plenificam
misteriosamente a natureza humana.
Por conseguinte, se a graça pressupõe a
natureza, a natureza, por sua vez, pressupõe a graça, na medida em que a
verdade de Cristo conduz à realização integral e autêntica do ser humano.
Assim, a vinda fulgurante de Cristo, no advento do seu Reino, será a
transfiguração final de toda a criação: revestido de imortalidade, nosso corpo,
confessa S. Gregório de Nissa, “será semelhante ao corpo de Cristo
ressuscitado” ou, nas palavras de S. Agostinho, “nossa alma estará unida
diretamente ao Senhor, sem que nada se interponha entre ela e Deus”; o tempo se
unirá à eternidade, e a ação libertadora do Senhor, banindo o temor, “será
salvação para todos” (Clemente de Alexandria).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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