Reflexão do Evangelho de segunda-feira 15 de agosto
Reflexão
do Evangelho de segunda-feira 15 de agosto
Mt
19,16-22 - O jovem rico
Com olhos ansiosos, como pessoas movidas
por desejos intensos, um jovem procura Jesus. Não deseja segui-lo; o intuito é
de assegurar-se da salvação: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?
”. A pergunta sugeria a ideia de ele julgar ser possível alcançar a salvação mediante
as obras. Após olhá-lo em silêncio por algum tempo, procurando fazê-lo passar de
uma visão cultual e legalista a uma visão moral-espiritual, Jesus lhe diz: “Por
que me perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só”. Ninguém é bom, senão só
Deus. E conclui: “Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamentos”,
exigência que vale para os não-cristãos como condição para a salvação. Ao
ouvi-lo responder que não só conhece, mas também observa os mandamentos, com um
olhar de afeto por ele, o Mestre lança um desafio: “Se queres ser perfeito, vai,
vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus”.
O episódio gravita ao redor das posses materiais
de um jovem de família rica. Guiado talvez pela ideia de que as riquezas e o
sucesso terreno são sinais das bênçãos divinas, ele julga que a porta de acesso
ao céu está vinculada à prosperidade e aos bens materiais. Por essa razão, S.
João Crisóstomo não o considera como alguém movido por más intenções ou “ser
ele avaro e escravo do dinheiro”. Talvez, dominado por uma mentalidade
materialista, e sendo presunçoso, ele estaria colocando sua confiança, prevalentemente,
em si mesmo e em seus bens: o Reino de Deus pelas posses materiais, em vez do
Reino de Deus pelo desapego e liberdade interior. Mesmo o fato de chamar Jesus
de “bom Mestre”, levanta a suspeita de ele estar nutrindo a esperança de ganhar,
através do agrado e do elogio, os bens eternos.
Após
ouvi-lo pacientemente, o Mestre, através de questões e breves sugestões, busca elevar
o pensamento do jovem a um ponto de vista sobrenatural. De início, destaca a
validade do Decálogo, para só então conduzi-lo a ser perfeito e a ter um
tesouro nos céus: ir, vender tudo o que tem, e dar aos pobres. Surpreso, ele
ouve as palavras do Senhor, que o coloca diante de uma escolha: aspirar por
coisas mais altas, ser membro da comunidade escatológica, mediante a renúncia
aos bens materiais, como os Apóstolos, ou continuar o seu caminho, mantendo suas
riquezas e posses materiais. Sua decisão é imediata. Ele se retira, vai embora,
o que faz S. Agostinho exclamar: “Quanto se deve amar a vida que não terá
jamais fim! Tu que amas esta vida na qual sofres e te afliges, em meio a tantas
preocupações, busca a vida eterna, onde não suportarás estes sofrimentos, mas
reinarás eternamente com Deus”.
Esta passagem bíblica permite-nos compreender
que além da observância dos mandamentos de Deus, válidos para todos, alguns
podem ser chamados a seguir os conselhos evangélicos, e a viver em radicalidade
o preceito do amor a Deus e ao próximo. Aliás, desde os primeiros anos da vida
da Igreja, observa-se que a renúncia aos bens materiais não é um preceito obrigatório
para todos. Obrigatório é ser livre em relação a todos os bens; é voltar-se
para Jesus e se converter para Deus, graças à sua pregação. Nos Atos dos
Apóstolos, S. Pedro dirige-se a Ananias, que reservara para si uma parte do
preço do campo, e lhe pergunta: “Por acaso não podias conservá-lo sem vendê-lo?
E depois de vendido não podias dispor livremente da quantia? ” (5,4).
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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