Reflexão do Evangelho de terça-feira 23 de agosto






Reflexão do Evangelho de terça-feira 23 de agosto
Mt 13, 44-46 - As parábolas do tesouro e da pérola

        Inauguram-se, com a pregação de Jesus, que reúne ao seu redor os que se convertem e vivem a Lei do amor e da misericórdia, o Reino de Deus e o mundo novo que há de vir. Às pessoas simples da Galileia, Jesus deixa entrever, em suas parábolas, que mesmo as realidades frágeis e precárias desta terra adquirem um novo sentido à luz do mistério de sua encarnação: no atropelo da emoção, elas compreendem que o Messias, nascido do alto, tornou-se um de nós, para que, nele, nós nos tornássemos o que Ele é: o Filho amado do Pai celestial.  
Falava de perdão e os corações se sentiam reconciliados, os ódios serenavam e a paz, que lhe enchia o espírito, trazia a bondade de Deus a todas as pessoas, convidadas a alcançar a bem-aventurança da Terra Prometida do Reino de Deus, comparado por Jesus a um tesouro enterrado, descoberto de modo fortuito; quem o encontra, com alegria, vai e vende tudo o que possui para comprar o campo. O mesmo acontece com o negociante que, “ao achar uma pérola de grande valor, vai e vende tudo o que possui e a compra”. A pérola é reconhecida pelo seu valor, beleza e perfeição. Inestimável dom é o Reino de Deus, comparado ao tesouro ou à pérola, cujo preço é inacessível, digno do sacrifício de todos os demais bens.  
Mesmo sem poder se identificar totalmente com o mundo material, o Reino de Deus não deixa de atrair e de elevar o coração humano, trazendo à mente as palavras de Pascal: “O homem ultrapassa infinitamente o homem”. Ele ultrapassa todo condicionamento meramente humano e vai além de toda definição. É dádiva divina, que, porém, não dispensa jamais a cooperação humana, como evidenciam as palavras de Jesus, dirigidas ao paralítico, antes de curá-lo: “Tua fé te salvou”, quer dizer, ela inspira, convence, mas não deixa de levar à ação.
         Portanto, o Reino não é apenas iniciativa de Deus (ex opere operato), independente da ação do homem: Deus, em seu amor, espera a resposta livre do amado, como se tudo dependesse da sua decisão. Aliás, a parábola contada por Jesus pressupõe esforço e sacrifício daquele que encontrou o tesouro: ele vai e vende tudo o que possui para comprar o campo, onde se encontra o tesouro. Assim, também os discípulos devem estar prontos a atender ao convite do Senhor: vender tudo, isto é, despojar-se do pecado, dos vícios e das paixões desordenadas para alcançar o Reino de Deus. A colaboração do ser humano é essencial. A própria oração jamais poderá ser compreendida como total passividade; ela é tensão interior, abertura do espírito humano para receber o Espírito divino, que conduz aquele que ora à intimidade do mistério misericordioso de Deus. Por isso, animando-nos, diz admiravelmente S. João Crisóstomo: “Participai do banquete da fé, acolhei todos vós as riquezas da misericórdia”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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