Reflexão do Evangelho de terça-feira 02 de agosto
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 02 de agosto
Mt
14,22-36 - Jesus caminha sobre as águas
Após
despedir o povo e enviar os discípulos para a outra margem do lago, “Jesus
subiu ao monte, a fim de orar”. Silêncio e solidão. Entre as nuvens, tocadas
pelo vento forte, talvez Ele tenha avistado o barco dos discípulos, que
buscavam em vão chegar a Cafarnaum. “Na
quarta vigília da noite”, nos primeiros albores do dia, “caminhando sobre o
mar”, Ele vai ao encontro deles. Soprava ainda um vento intenso e impetuoso,
quando os Apóstolos avistam, em meio às águas encapeladas, um vulto que se
aproxima. Vendo aquilo, sentiram medo e chegaram a exclamar: “É um fantasma! ”.
Assustados, eles viam o vulto se avizinhar,
andando sobre as águas. Porém, em meio ao fragor das ondas, que ameaçavam virar
o pequeno barco, uma voz serena os tranquiliza: “Não temais, sou eu! ”.
Imediatamente, eles reconhecem que é o Mestre, que faz menção de passar adiante,
como o fez com os discípulos em Emaús. Provocação para despertá-los à responsabilidade
da liberdade, pois Deus é aquele que passa. Assim se deu na primeira Páscoa do
Egito ou nas grandes visões de Moisés ou de Elias, como também na sua vinda
entre os homens. “Jesus não acorre logo para salvar os discípulos, observa S.
João Crisóstomo, mas os instrui, através do temor, a afrontar os perigos e
aflições”.
As
palavras do Senhor: “Não temais”, recordam a promessa feita por Deus a Isaías:
“Não temais, pois eu estou convosco”, isto é, “crede unicamente”. Para os Apóstolos,
as palavras do Mestre são um apelo para que eles estejam abertos interiormente
à presença divina, sempre surpreendente. Nesse sentido, ao dizer: “Sou eu”, Jesus
desperta nos Apóstolos a lembrança das manifestações inauditas de Deus,
conduzindo o povo de Israel no deserto. Do mesmo modo que o Pai, Jesus exige
dos discípulos confiança e entrega. Atitude indispensável para participar do
seu poder, manifestado no fato de Pedro, obediente às suas palavras, ter caminhado
sobre as águas.
Mais
tarde, em meio às dificuldades e perseguições, se eles vacilarem ou vierem a
afundar, uma certeza deverá animá-los: não lhes faltará a mão misericordiosa do
Mestre para reconduzi-los ao barco, onde alcançarão serenidade (apátheia) e
repouso (hesychia). Por isso, sugestivamente, o relato termina: “Assim que eles
subiram ao barco, o vento amainou”. Para os discípulos é uma manifestação do
domínio absoluto de Jesus, mesmo sobre as águas tumultuosas, símbolo do caos
primordial e das forças do mal; é o começo dos tempos messiânicos!
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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