Reflexão do Evangelho - Quarta-feira, 22 de março
Mt
5, 17-19 - Cumprimento da Lei
Rigorosos e tradicionalistas intérpretes
das mínimas prescrições da Lei, os fariseus buscavam a santidade e a pureza de
Israel, imprimindo feições duras e intransigentes no exercício da vida
cotidiana. Importava constituir um conjunto de medidas preventivas em defesa da
observância da Lei, a fim de preservar o espírito do judaísmo em sua força e identidade.
O mesmo ideal de santidade e pureza é apresentado à humanidade toda inteira por
Jesus, que visava despertar a responsabilidade de cada pessoa, em sua resposta
livre ao amor misericordioso do Pai celestial. Precavidamente, Ele evitava a
suposição de que, tendo vindo em nome do Pai para cumprir uma missão, estaria
ab-rogando a Lei.
Por isso, sem deixar de alertar os
discípulos sobre o risco de se deixarem levar por uma compreensão rigorosa e
casuística da Lei, Jesus os acautela contra o extremo oposto: julgarem-se
dispensados da Lei, pois em seus ensinamentos, para além da “letra”, ela é
confirmada e interiorizada em seu conteúdo. Sua crítica é contra o fato de não
discernirem os sinais dos tempos e se deixarem nortear por uma rígida interpretação
literal da Lei: importa não só a ação realizada, mas a intenção, que decide. Ousaríamos
dizer que o conteúdo ou o ensinamento, que tinha sido convertido pelos fariseus
e escribas em normas e prescrições ritualísticas, é resgatado e escrito pelo
Messias, como predizia Jeremias, nos corações dos seus seguidores.
Em
Jesus, tanto a Lei como os Profetas atingem sua realização plena, a mais
perfeita, como assinala S. Hilário de Poitiers ao dizer: “Ele proclama, de modo
claro e vigoroso, que a obra da Lei é superada. Ele não a abole, mas a supera
com um aperfeiçoamento progressivo. Nesse sentido, Jesus declara que os
Apóstolos só entrarão no Reino dos Céus caso superem a justiça dos fariseus. E,
após expor as prescrições da Lei, Ele as supera aperfeiçoando-as, sem
aboli-las”. O cerne da Lei é a justiça e o amor de Deus, que, quando não
observados, tornam as demais prescrições pura hipocrisia. Dada por Deus, a Lei,
que é luz para os povos, tem sua realização perfeita na obra e nos ensinamentos
de Jesus, em quem se consuma a entrada definitiva do Povo de Deus na Terra
prometida, que simboliza a plena comunhão, a genuína aliança selada entre Deus
e a humanidade: eis a verdadeira nova criação de Deus, o novo céu e a nova
terra.
+Dom Fernando Antônio figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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