Reflexão do Evangelho - Quinta-feira, 30 de março


Jo 5, 31-47 - As testemunhas autentificam a missão de Jesus


       
        Para credenciar suas palavras, Jesus cita João Batista, Moisés e as Escrituras Sagradas; e indica um testemunho ainda mais valioso: as obras que o Pai lhe deu a realizar.  
Os opositores, dentre eles os fariseus, recusam aceitar sua autoridade divina, pois estão convencidos de que a Lei era um dom perfeito, que englobava todas as manifestações divinas, capaz de fazer de Israel uma comunidade pura e santa diante de Deus. A Lei era intocável, ninguém poderia mudá-la, nem mesmo o próprio Messias. O diálogo entre o homem e Deus deveria passar por ela e quem a observasse seria cumulado de méritos; sua transgressão traria castigo e exclusão da comunidade.
        Por isso, a liberdade soberana de Jesus, em relação à Lei, causa grande admiração a todos. A população o ouve com a respiração presa, pois jamais tinha ouvido alguém falar com tamanha liberdade. Sem negar a Lei, mas restaurando a ordem original da criação, Ele alarga seus horizontes até à supremacia do amor. Daí o assombro dos escribas e fariseus, ao ouvi-lo expressar, no Sermão da montanha, exigências resultantes de uma nova manifestação da ação de Deus.
         Em sua missão, Jesus suscita uma fé incondicional em Deus, que quer acolher a todos para introduzi-los na suavidade dos benefícios do amor divino e na luz de uma paisagem banhada de sol e de inefável alegria interior. Quem não enxerga essa sua ação benevolente, ou quem se liga somente à Lei, interpretando-a segundo seus interesses e opiniões, permanece surdo à voz daquele que a interpreta como expressão da misericórdia do Pai: não para a condenação, mas para o bem de todos.
Profundamente humano Jesus acolhe cada pessoa e apresenta a mensagem do Evangelho como caminho para a vida de comunhão e de profunda intimidade com Ele. Assim, não mais preso ao pecado e ao mal, o ser humano compreende que ser seu discípulo é assimilar a sua palavra, que lhe permite passar da morte à vida, das trevas à luz divina, que, segundo S. Simão, o teólogo, “brilhará em seu coração e em seu espírito, luz sem ocaso, sem mudança, inalterável e jamais eclipsada”. Sua fé será sólida, pois Jesus possui o testemunho do próprio Pai, manifestado nas obras que Ele faz: a pureza e santidade são atingidas não pela simples observância da Lei, mas pela força do perdão e da misericórdia de Deus.


                                          +Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


                                                                                                              

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