Reflexão do Evangelho - Quarta-feira, 29 de março
Jo
5, 17-30 - Discurso sobre as obras do Filho
Em seu agir livre e misericordioso, Deus
jamais dispensa a nossa liberdade. Caso contrário, não seríamos pessoas responsáveis
e, em última análise, não haveria o bem e o mal, que nos permitem modelar nossa
identidade. Por conseguinte, para agirmos bem e de modo justo, urge deixar agir
em nós o fogo purificador do Espírito divino, que nos comunica o dom do
discernimento para distinguir o que é preciso admitir e o que necessitamos rejeitar
em nossas decisões. Sem cairmos numa interpretação eclesiástica de Deus, anima-nos
a esperança de encontrar um modelo de verdadeira humanidade, chance vital de
liberdade e realização.
Ao
falar de suas obras, Jesus diz fazê-las não por conta própria, mas, segundo
suas palavras, de acordo com a vontade do Pai: “O Pai confiou tudo a mim;
ninguém conhece o Filho a não ser o Pai e ninguém conhece o Pai a não ser o
Filho e aqueles a quem o Filho quiser revelar”. Por conseguinte, em sua bondade
e compaixão para com todos, curando e perdoando aqueles que dele se aproximam, dá-se
em Jesus a revelação plena do verdadeiro rosto misericordioso de Deus.
De
outro lado, Jesus se mostra profundamente humano, acolhendo a todos, sem mesmo
excluir os pecadores, pois Ele é um Deus que cuida do ser humano: a
solidariedade, a justiça e a verdade se impõem como o autêntico rosto de sua
humanidade, que protesta contra a mentira e, ao mesmo tempo, a liberta de toda
pretensão ideológica. Essa praxe é garantida pelo próprio Jesus, pelo seu
contato com os publicanos, pecadores e com o povo, em geral, que o ouviam
atentos e sentiam no seu agir a manifestação de Deus em sua bondade, amor,
misericórdia. Na verdade, inicia-se a jubilosa era de paz e de unidade, que
implica, pela força do amor, a reunião de todos os povos numa única comunidade.
Por
isso, vendo a importância e urgência do momento presente, num suspiro amoroso, Jesus
diz: “Vem a hora, e é agora” (v.25). Não há delongas, ou se decide por Ele
“agora”, ou se nega desde já viver a comunhão eterna com o Pai, pois a Ele cabe
o poder de dar, àqueles que o acolhem, a vida eterna, vida autêntica e
definitiva. Consequentemente, se estivermos vivendo e realizando as obras de
Jesus, estaremos desde já, participando “dos novos céus e da nova terra”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
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