Reflexão do Evangelho – Sábado, 18 de março


Lc 15,1-3.11-32 - Parábola do filho pródigo

       
        Uma das mais belas passagens do Evangelho é a parábola do filho pródigo, na qual se descreve, em detalhes, a conduta de dois filhos e o sentimento do pai em relação a cada um deles. O intuito de Jesus é revelar Deus como um Pai misericordioso, solícito e pronto a perdoar e a acolher em sua inesgotável bondade os pecadores arrependidos. O que importa, dentro do hoje da conversão, é o novo nascimento.   
        Apesar de o filho mais jovem ter esbanjado todo o dinheiro, que ele lhe tinha dado, o pai dedica-lhe um amor inquebrantável. Sua atitude amorosa opõe-se a reação áspera e egoísta do filho mais velho, que demonstra certo desprezo pelo irmão, dizendo ao pai: “Agora que esse teu filho voltou e, com raiva, não queria entrar para estar com ele”.
 O filho mais jovem, ao longo do caminho de retorno à casa paterna, pensava em declarar a sua culpa, pedir perdão, prostrar-se aos pés do pai. Ainda distante, humilhado, mas arrependido, ele vislumbra o vulto do pai, cujos olhos, durante meses, passeavam pelos campos, perscrutando o horizonte, à sua espera. O pai, já cansado de mirar as colinas distantes, ao reconhecer o filho esperado, naquele que se avizinhava, corre ao seu encontro, “e cheio de compaixão, lançou-se ao seu pescoço, cobrindo-o de beijos”. O filho balbuciava, tentava dizer algo, mas não conseguiu chegar, nem mesmo, ao final de suas primeiras palavras, previamente preparadas; a misericórdia do pai precedia todo arrependimento. A emoção de ambos é enorme! Sem moralizar ou prescrever modos de agir, o pai, simplesmente, o acolhe e o conduz ao aconchego do lar, “porque seu filho perdido e reencontrado se tornava mais querido, pois reencontrado”, exclama Tertuliano, que finaliza com as palavras: “E um pai, mais pai que Deus, não há; um mais terno, não há. Tu que és seu filho, saibas que mesmo após ter Ele te adotado, se tu o abandonas e voltas nu, Ele te receberá: Ele se alegrará ao te rever”.  
        Com os olhos a reluzir de carinho, o pai nada diz, nem necessitava dizer algo, pois seus atos falam bem mais alto que qualquer palavra: o filho é revestido de roupas novas e belas, um anel é colocado em seu dedo, o anel de família, e é preparado um banquete em sua honra. A solicitude, a bondade e a ternura do pai confundem o filho mais velho: sua misericórdia lhe é incompreensível. O pai insiste e lhe diz: “Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”. O filho pródigo, por sua vez, sentia a alegria e o privilégio de ser membro daquela família.


+Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm


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