Reflexão do Evangelho - Terça-feira, 21 de março
Mt
18, 21.19,1 - O perdão das ofensas e a parábola do devedor implacável
A própria história humana mostra que a
liberdade e a felicidade não são simplesmente expectativas, mas possibilidades
reais. O ser humano pode ou não corresponder ao bem. Mas, mesmo negando o bem, o
homem jamais deixará de ter a possibilidade de se corrigir. Por isso, Jesus
fala do perdão, sempre renovado, que não se limita só a sete vezes, como pensava
o Apóstolo S. Pedro: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão, que pecar
contra mim? Até sete vezes? ”. O número sete significa totalidade e indica que
o discípulo deve perdoar sempre, mesmo que a falta se repita. Talvez ao dizer sete,
Pedro pensasse num número máximo de vezes. No entanto, o coração misericordioso
de Jesus surpreende a todos, ao responder: “Não te digo até sete, mas até
setenta vezes sete”. A bondade do Senhor é infinita. E para que os discípulos
não acalentem ideias de rancor e possam evitar a dureza de coração, Ele narra a
parábola do devedor implacável.
A
parábola versa sobre um rei, que pede contas a um devedor, cuja dívida era de dez
mil talentos, 50 vezes mais que todos os impostos da Galileia e da Pereia. Quantia
realmente alta, bastante elevada, comparável à nossa em relação a Deus, o
Criador. Dívida insolúvel. O homem cai aos pés do rei e, prosternado, pede:
“Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo”. Compadecido (splanchnistheis), o rei o “soltou
e perdoou-lhe a dívida”.
Entrementes,
o devedor da parábola, a quem tudo foi perdoado, encontra-se com alguém que lhe
devia cem denários. Quantia irrisória, que torna ainda mais odiosa a
disparidade de tratamento: em vez de perdoar, ele manda “lançá-lo na prisão até
que pagasse o que devia”.
Segundo
o profeta Isaías, todos são convidados a espelhar Deus, que, sem deixar de ser
justo, é sempre misericordioso. Longe de querer castigar o pecador, longe de
querer sua morte, Ele está sempre pronto a oferecer o seu perdão. Maravilhoso
mistério do amor de Deus, rico em graça e em fidelidade! Justamente na
parábola, Jesus lança uma luz sobre o conceito de Deus, apresentando-o como
“Pai” de misericórdia e de clemência, base e fonte da comunhão fraterna,
condição exigida para quem quiser entrar no Reino dos céus.
Portanto, é com vigor que Jesus insiste
sobre o nexo existente entre o perdão dado por nós ao nosso semelhante com o
perdão que pedimos a Deus. Por nos situar, pelo perdão dado a nós, no interior
da misericórdia do Pai, o fato de negarmos o perdão ao nosso irmão seria declarar
que estamos fora da esfera de Deus e, consequentemente, fora do seu amor
misericordioso. Por isso, suplicamos no Pai-Nosso: “Perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
+Dom
Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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