Reflexão do evangelho - Sexta-feira, 24 de março
Mc 12,28-34- O maior mandamento
À
pergunta de um escriba sobre qual seria o maior e primeiro mandamento, Jesus
cita aquele que fazia parte da profissão de fé monoteísta de cada judeu: amar a
Deus de todo coração e com todas as suas forças. Mas, por iniciativa própria, Ele
acrescenta um segundo mandamento: amar o próximo como a si mesmo (cf. Lev.
19,18). Se as Escrituras os citam, separadamente, Jesus os une, intimamente, e
manifesta serem eles expressão do amor de Deus para conosco.
Ao
assumir a realidade humana, Jesus inclui nele a humanidade regenerada e a torna
participante da vida divina. Daí a bela declaração de S. Atanásio: “Deus se fez
homem para que o homem se tornasse Deus”. Ou podemos dizer de outro modo,
referindo-nos à humanidade de Jesus: ela não só é semelhante à nossa, mas é a
mesma que está em nós e que nele, o “novo Adão”, atinge sua realização plena e
perfeita.
Em
termos espirituais, podemos dizer que cada ser humano está incluído em Cristo e
participa do seu amor, força de unidade e de paz.
Diante
desses ensinamentos, sem negar o culto judaico, mas com uma ponta de crítica, exclama
o escriba: “Isso vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios”. É de se
notar aqui o progressivo processo de desligamento da Igreja em relação ao povo
judeu, que não deixa jamais de oferecer, através da Lei, as condições
necessárias para a suprema integração de todos os povos no único Povo de Deus,
restaurado por Cristo.
Como se evidencia, o amor cristão não se
reduz a um mero sentimento, pois provém de nossa união a Cristo, em quem a
natureza humana não é abolida, mas restaurada e transfigurada. Se o ser humano,
no dizer de S. Irineu, foi criado à imagem e semelhança de Cristo, então, em nossa
vida pulsa uma energia pessoal, que nos conduz não só a uma unidade interna,
mas a um autêntico relacionamento com Deus e com nossos semelhantes.
Daí
se infere que o duplo mandamento equivale dizer o pleno sentido da Lei e dos Profetas:
o amor a Deus significa viver, interiormente, livre para amar e servir a seus
semelhantes, sempre a caminho, quais peregrinos, da Pátria comum.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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