Reflexão do Evangelho - Quinta-feira,16 de março
Lc
16, 19-31 - Parábola do mau rico e do pobre Lázaro
A parábola fala de um homem muito rico,
não propriamente cruel ou desdenhoso, mas que, simplesmente, ignora o pobre
mendigo, prostrado à porta de sua casa, definhando-se. Requintadamente vestido,
ele se deleita em sua riqueza, o que leva S. Jerônimo a exclamar: “Ó mais
infeliz entre os homens, vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e
não tens compaixão. Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?
”. Hoje, perante tantos famintos, desprezados e rejeitados, a mesma indignação arde
em nossos corações. No entanto, no dizer do Papa Francisco, “muitos se acomodam
e se esquecem dos outros, não veem seus problemas, suas chagas e dores. Estes
caem no indiferentismo”.
Quando
ambos morreram, os anjos levaram o pobre Lázaro “para junto de Abraão”,
enquanto o rico permanece “na região dos mortos, no meio dos tormentos”. O
abismo que os separa foi criado ao longo da vida terrena: Lázaro não representa
simplesmente um pobre, mas também um homem de fé, que, apesar de uma vida
adversa e sofredora, não perde a esperança em Deus. Aliás, seu nome significa:
“Deus é meu auxílio”. Doutra parte, o rico aponta para aquele que está preso
aos bens materiais e aos prazeres humanos, e não vê nada mais além das riquezas.
Na parábola, é significativo o fato de Jesus, observa S. Agostinho, “não se
referir ao nome do rico, mas dizer apenas o nome do pobre. O nome do rico
andava de boca em boca, mas Deus não o nomeia; o nome do pobre, ninguém o
dizia, mas Deus o revela. Assim, Deus, que habita no céu, silencia o nome do
rico, porque não o encontra inscrito no céu, porém, declara o nome do pobre,
porque aí está inscrito, por sua própria solicitação”.
Pródiga em imagens, a parábola retrata a
retribuição concedida a Lázaro e os sofrimentos do rico. Severidade do Mestre? O
objetivo da parábola é bem outro; o que é ressaltado, não são os sofrimentos do
rico, mas sim as palavras dos profetas, referentes à esmola e às suas consequências
para a eternidade: “Ela cobre uma multidão de pecados”. Como se infere, as ideias
de paz, de partilha de bens e de caridade constituem um caminho privilegiado para
alcançar a comunhão de vida com Deus; os pobres são apresentados como força
salvadora, por serem, segundo S. Gregório de Nissa, “os administradores da
nossa esperança”.
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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