Reflexão do Evangelho - Sexta-feira, 10 de março
Mt
5, 20-26 - A nova justiça é superior à antiga
A
justiça evoca as boas relações entre os homens e entre eles e Deus. Neste
sentido, Jesus estabelece princípios, que inspiram os filhos de Deus a vencer o
mal pelo bem e amar os próprios inimigos. Daí sua recomendação: “Se a vossa
justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não
entrareis no Reino dos céus”. Não se trata apenas da justiça distributiva, dar
ao outro o que lhe é devido, mas trata-se, sobretudo, do “ser justo”, ou seja,
da relação harmoniosa do homem com Deus, demonstrada, concretamente, no amor e
respeito ao próximo de acordo com os ensinamentos da Aliança divina. Por isso,
de modo enfático, Jesus proclama: “Não matarás, aquele que matar terá de
responder em juízo”. De fato, por ser um ato contra o próprio Deus, à imagem do
qual todo ser humano foi criado, é impensável tirar, de modo voluntário, a vida
de alguém. S. Gregório de Nissa dirá que o ser humano é “imagem viva de Deus”,
não apenas em seu ser espiritual, mas também em seu ser corpóreo, pois em seu
ser único e indiviso, o homem reflete Jesus Cristo, face humana de Deus. Então,
compreende-se que o fratricida Caim é representante, justamente, daquele que
desfigura a imagem de Deus.
Logo adiante, Jesus acrescenta que mesmo
“aquele que se encoleriza com seu irmão é réu em juízo”. O Mestre coloca a
doutrina da semelhança com Deus em relação com a ética, transferindo o centro
de importância, da ordem ritual e jurídica para a esfera moral e espiritual, o
que provoca uma profunda mudança: exige-se abandonar o egoísmo e toda expressão
de ódio, e reconhecer a dignidade intangível de todo ser humano. Porque criado
à imagem de Deus, ele reconhece que Deus o ama, e sua resposta de amor a Deus
compreende amar seus semelhantes. A esse respeito, o Apóstolo S. Paulo nos
oferece a regra de ouro: “Todos os membros tenham igual cuidado uns para com os
outros” (1Cor 12,25).
Por conseguinte, o desejo de Jesus é instalar
no coração humano a comunhão fraterna, pois o pecado, semelhante a uma semente,
cresce e se desenvolve, pouco a pouco, a menos que não seja superado e
destruído pela graça de Deus, fogo divino, que nos purifica dos vícios e
estabelece em nós a vitória do amor e da força vivificante de Deus. Assim, de
modo direto e compassivo, o Mestre nos conduz à fonte originária da vida cristã:
a caridade, pois se ela estiver presente, na vida dos seus seguidores, estes
jamais irão tirar a vida de alguém, nem se deixarão encolerizar contra o outro.
S. Agostinho exclama: “Vivamos o amor e façamos o que quiser! ”. Pois quem ama compreende
que desprezar a face do irmão é desprezar a face de Deus.
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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