Reflexão do Evangelho - Segunda-feira, 13 de março
Lc
6,36-38 - Não julgueis para não serdes julgados
Ao dizer: “Não julgueis para não serdes
julgados”, Jesus refere-se não a um julgamento de valor, mas à entrada definitiva
no Reino de Deus. A forma verbal, no final da frase: “Para não serdes
julgados”, é um “passivo divino”, em que o sujeito é Deus, pois a nenhuma
criatura cabe determinar a salvação ou a decisiva comunhão na vida eterna.
No
entanto, situando-se no nível do relacionamento humano, Jesus alerta os
discípulos contra o moralismo negativo, que se perde em generalidades, sem
levar em conta a história do seu semelhante. Seu intuito é estimulá-los a
crescer no amor fraterno e na prática do perdão, pois conforme um dito
rabínico, “quem julga seu vizinho favoravelmente, será favoravelmente julgado
por Deus”. Se por vezes, é fácil levantar um preconceito, difícil é julgar alguém
de modo imparcial. No campo espiritual, no qual se leva em consideração a
consciência e as intenções alimentadas no coração, o julgamento imparcial é
praticamente impossível: como saber exatamente o que se passa no interior de
uma pessoa, suas intenções, os fatores interiores e mesmo exteriores que
determinam a sua ação!
Impõe-se
o lema: “Pensar sempre o melhor do outro”, sem excluir, no entanto, a exigência
da correção fraterna, expressão de amor por aquele a quem se repreende. Carinho
e não desprezo pelos pecadores, caminho traçado por Jesus, que compreende a
acolhida dos publicanos e, mesmo, das prostitutas, como Ele próprio insiste: “Não
são os sãos que precisam de médico, mas os doentes. Ide e aprendei o que
significa ‘Eu quero misericórdia e não sacrifícios’. Não vim chamar os justos,
mas os pecadores”.
A
recomendação de “não julgar” não se reduz apenas a uma questão de prudência, mas
abrange o sentido da sua missão de amor e de misericórdia. A propósito, diz S.
Agostinho: “Alguém pecou por cólera, e tu o repreendes com ódio. Há grande
diferença entre cólera e ódio, assim como entre um cisco e uma trave. Pois o
ódio é a cólera entranhada: com o tempo, ele adquire tanta força que de cisco
poderá se transformar em trave. Se tu só te irritas, tu podes ter a boa vontade
de corrigir o culpado; mas se tu o odeias, tu não podes querer sua emenda.
Lança para longe de ti teu ódio: e então, este homem que tu amas, tu poderás
corrigir”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm
DEUS lhe abençoe e lhe ilumine. Obrigado p/ reflexão D. Fernando.
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