Reflexão do Evangelho de domingo 08 de maio
Reflexão
do Evangelho de domingo 08 de maio
Lc
24,46-53 - A Ascensão de Jesus
Em
breve resumo, o Evangelista alude diferentes acontecimentos, sem dar indicações
precisas de tempo ou lugar. Após enviar os Apóstolos a todas as nações para
anunciar o Evangelho da salvação, o vencedor da morte, Jesus, “foi arrebatado
ao céu e sentou-se à direita de Deus”, donde virá no tempo da restauração de
todas as coisas. Todos os que ouvissem a sua Palavra e a acolhessem com fé,
seriam batizados e incorporados a Ele como membros de sua Igreja.
Em
sua Encarnação, Jesus assumiu a nossa humanidade, sem que sua divindade fosse
diminuída e, em sua Ascensão para junto do Pai, Ele leva consigo a nossa
natureza humana, incluindo-a em sua divindade. Testemunhada pelos Apóstolos, a Ascensão
não se restringe à pessoa de Jesus, mas compreende a realidade do homem e da
criação, que se encontra numa ascensão dinâmica de amor, sem limites, pois a
vida de Deus é inesgotável e Ele não cessará jamais de se revelar em sua união conosco:
realidade sublime, que nos torna criaturas novas e partícipes da vida
incorruptível e imortal de Deus.
Essa
orientação para o futuro, que poderia ser chamada de esperança e que é descrita
por S. Agostinho como efeito da graça santificante ou, em termos dos antigos
autores, como deificação (théosis),
prepara-nos para nossa união definitiva com Deus. Os termos deificar-se e divinizar-se,
que significam participação na vida de Deus, implicam nossa constante superação
ou realização, que se perpetua na eternidade de Deus. Nossa vida se insere no
movimento de ida para o Pai, em quem já nos encontramos, plenamente, graças à Pessoa
do Filho Jesus.
Para
que este retorno se realize, tudo atraindo, tudo conectando, Jesus envia seus
discípulos para anunciar o Evangelho da salvação a todas as pessoas, sem
exceção: “Fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome
do Pai, do Filho e do Espírito. E ensinando-as a observar tudo quanto vos
ordenei”. Quem acolhe a sua mensagem e a vive obtém a remissão dos pecados e é reconciliado
com o Pai, pois “a Jesus, comenta S. Jerônimo, foi dado todo poder, de modo que
aquele que primeiro reinava no céu, reine também na terra por meio da fé dos
seus discípulos”. Jesus, à direita do Pai, na glória celeste, proclama que
ninguém está só, tampouco está excluído da comunhão eterna, pois no silêncio do
seu amor, Ele aguarda “que o mundo inteiro faça parte da vida divina e se torne
tudo o que Deus é, exceto a identidade de natureza” (S. Máximo o Confessor).
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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