Reflexão do Evangelho de sábado 14 de maio



Reflexão do Evangelho de sábado 14 de maio
Jo 15, 9-17 - Assim como o Pai me amou, também eu vos amei.


       A relação do homem com Deus se transforma: Jesus nos mostra a face humana de um Deus, que nos ama a ponto de dar a vida por nós. S. Irineu exclama: “Como poderia o homem ir a Deus, se Deus não tivesse vindo ao homem? Como libertaria o homem de seu nascimento de morte se não fosse regenerado na fé com um novo nascimento? ” Libertado de suas alienações, como o pecado e a morte, o homem penetra nos segredos da realidade divina e vive a experiência de sua própria natureza, sempre mais plena e perfeitamente realizada: não é a glorificação do seu corpo terrestre, mas, pela graça divina, é a sua lenta e real deificação ou, em outras palavras, é a autêntica nova criação de Deus. Na acolhida do Senhor, o discípulo se une a Deus e, por um ato da condescendência divina, assume o processo de transfiguração do homem total, alma e corpo, em sua relação com a criação toda inteira.
       Não entendendo bem as palavras do Senhor, o Apóstolo Judas Tadeu pergunta-lhe: “Senhor, por que te manifestas a nós e não ao povo? ”. A resposta imediata do Mestre soa de modo um tanto enigmático: “Vê, se alguém me ama, observa aquilo que eu disse. E, então, também meu Pai o amará, e juntos, o Pai e eu, viremos a ele e viveremos junto a ele. Se, ao contrário, alguém não me ama, não respeita as minhas palavras”. O amor, concedido pelo Senhor, não é um mero sentimento: é o amor do Pai pelo Filho, que se estende aos discípulos e neles permanece, graças ao compromisso e à observância do seu “mandamento”. Essa reciprocidade no amor torna o homem mortal morada de Deus. Diz o Apocalipse: “Eis que eu estou à porta e bato: Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo” (3,20).
 Os Apóstolos passam, então, a entender que não existe uma verdadeira vida longe do Pai, que, em seu Filho Jesus, se revela amor, amizade confiante a todas as criaturas. No entanto, para alcançar essa vida, é preciso abrir-se à compaixão, em grego, à “simpatia”, que é a capacidade de sofrer-com, de sentir-com: trata-se de participar do mesmo amor que o Mestre sente pelo mundo. Se a norma é o amor de Jesus, a medida é a sua doação gratuita e generosa, que lhe permitiu sacrificar a vida por seus “amigos”, também por seus inimigos. Escreve S. Agostinho: “Participando da benevolência divina, isto é, desejando o bem do outro, os discípulos partem e produzem frutos de amor fraterno”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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