Reflexão do Evangelho de quinta-feira 12 de maio
Reflexão
do Evangelho de quinta-feira 12 de maio
Jo 17,
20-26 - Que todos sejam um como nós, ó Pai.
Para os Apóstolos, o processo histórico
da vida de Jesus é marcado por dois principais momentos: sua missão terrena e seu
retorno para junto do Pai. Nascido de Maria, Jesus tornou-se um de nós, fazendo
parte de nossa história, para nos conduzir ao Pai celestial. Pasmos,
perguntamo-nos: como é possível que a salvação de todos dependa de uma única
pessoa? Para S. João, Jesus não é simplesmente “um” (en) entre tantos, Ele é esse único, em quem todos nós somos “um” (eis) só. E mais. Nele, se estabelece não
apenas a comunhão entre nós, mas, pelo fato de Ele ter assumido nossa
humanidade, a unidade com Ele significa que se instaura em nós a glória divina
original e a nossa responsabilidade inicial para com o mundo: é a nova verdadeira
criação de Deus.
Essa
relação entre criação, encarnação e “nova criação”, não é compreendida,
imediatamente, pelos Apóstolos. Mais tarde, eles compreenderão que a glória de
Jesus é a do Filho de Deus, glória que lhe pertence exclusivamente, e que é
concedida por Ele aos seus discípulos: “Ó Pai, eu dei-lhes a glória que tu me
deste, para que eles sejam um, como nós somos um”. E porque essa unidade corresponde
à nossa perfeita identidade, ela urge ser vivida na unidade de um perfeito amor:
“Eu neles e tu em mim, para que assim eles cheguem à unidade perfeita e o mundo
reconheça que tu me enviaste e o amaste como me amaste a mim”. Eis a
característica essencial do ser seu “discípulo”: o amor.
Mais tarde, S. Gregório de Nazianzo irá
expressar a unidade de Jesus com a humanidade regenerada na célebre frase: “O
que não foi assumido, não foi salvo”, pois sendo Deus, Jesus é consubstancial
ao Pai; sendo homem, Ele é consubstancial a nós, em sua humanidade. S. Atanásio
dirá por sua vez: “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”. No
entanto, de nossa parte, é preciso se dispor à comunhão com Cristo, comunhão
que será efetivada graças à vinda e à ação do Espírito Santo: fogo purificador que
nos transforma e nos molda à semelhança do Filho.
Por
conseguinte, introduzidos na unidade de Deus, o Sumo Bem, os discípulos viverão,
no amor fraterno e no respeito à natureza, o mistério de Cristo, à imagem de
quem foram criados, e participarão da vida divina, no eterno “Presente” de
Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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