Reflexão do Evangelho de sábado 07 de maio
Reflexão
do Evangelho de sábado 07 de maio
Jo 16,
23-28 - Se pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo dará
Ao falar de Deus, os primeiros cristãos não
se entregavam à especulação, mas se preocupavam, principalmente, com a questão
da salvação do ser humano. Centro de relações, o homem “quer e não quer,
escreve S. Agostinho, sabe e ignora, recorda e esquece, pois ninguém tem em si
a unidade do ser”, a perfeição. Ao mesmo tempo, ele se sente responsável pelos
obstáculos que o impedem de chegar ao amor e à comunhão com Deus, com os seus
semelhantes, com todo o universo. Em
resposta ao seu desejo de ser e de unidade, o Pai eterno envia seu Filho, que assume
nossa humanidade e oferece a todos o perdão e a reconciliação.
Assim,
a presença de Jesus, nascido de Maria, transmite uma atmosfera de paz, de
alegria e de fé. Ao contrário de João Batista, Ele não se retira do mundo, mas sendo
um com seus irmãos humanos, sem excluir nenhum, comunica a todos a
possibilidade de restaurar neles a unidade. S. Irineu, se pergunta: “Como
poderia o homem ir a Deus, se Deus não tivesse vindo até nós? ”. Ele é a boa
notícia da vocação sublime das pessoas, que com confiança abrem ao Pai sua
vida, suas esperanças e angústias, e, como o sol, que nascia no horizonte do
lago de Nazaré, esvaecia as brumas da manhã, o contato com o Pai irá dissipar a
insegurança e o temor de seus corações: Jesus “é para o gênero humano, no dizer
de S. Gregório Nazianzeno, o princípio do seu retorno à vida imortal”.
A distância entre nós e Deus desaparece, pois,
em Jesus, participamos da natureza secreta do Deus vivo. Daí o fato de o Senhor
incentivar os discípulos a orarem com confiança, porque é graças à oração que eles
se avizinham do Pai e a profundidade do coração deles, do qual brota seu grito
de súplica, une-se à altura do céu: “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vos
dará”. Pasmos, eles reconhecem que, nem os sacrifícios imolados nem os ritos do
Templo, nada pode substituir o diálogo íntimo e pessoal com o Pai ou, até mesmo,
o “simples olhar da alma a Deus para implorar socorro”. O ser humano não se
sente só, Deus se avizinha dele e torna sua oração eficaz: “Nesse dia, pedireis
em meu nome e não vos digo que rogarei ao Pai por vós, pois o próprio Pai vos
ama”. A expressão “nesse dia” indica o tempo inaugurado por Jesus, tempo da
graça e da misericórdia, tempo do triunfo do amor de Jesus, que deseja a
liberdade do amado. Por fim, restabelece-se a unidade tão almejada e buscada
pelo homem: unidade com Deus e com seus semelhantes, pois “pela oração, ele
reconhece, diria Paul Endokimov, a presença do Cristo em todo ser humano”, e
ama a todos como Cristo o ama.
Dom Fernando
Antônio Figueiredo, OFM
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