Reflexão do Evangelho de sexta-feira 06 de maio
Reflexão
do Evangelho de sexta-feira 06 de maio
Jo 16,
16-23 - Anúncio de um breve retorno
Sob
a forma de enigma, Jesus apresenta sua partida para junto do Pai, situando-a no
esquema, tantas vezes sugerido no Evangelho, do “buscar e encontrar” ou, ainda,
na oposição entre alegria e tristeza, presença e ausência. Mais adiante, ao
sublinhar: “Mas a vossa tristeza se transformará em alegria”, Ele comunica aos
discípulos uma nova e alegre esperança: o seu retorno ou a vitória sobre a
morte. Alguns autores se baseiam nessas palavras para falar do movimento das
criaturas, sobretudo do ser humano, para Cristo: “Por quem e para quem são todas as coisas” (Rm
11,36). Nas palavras de S. Máximo, o Confessor, Cristo recapitula a história
humana, desde Adão e Eva até a instauração do Reino de Deus, pois, através de
sua missão, Ele efetiva a vitória sobre o pecado, e inicia uma nova ordem de
justiça, de paz e de comunhão. Jesus é o novo Adão, que se dimensiona
universalmente, abrangendo todas as criaturas e orientando-as de modo dinâmico
para Deus: a participação do ser humano na vida divina assume a forma de um
apelo, que nos impele a crescer constantemente em Deus, tornando possível a
assimilação da dignidade divina para a qual fomos criados. Por conseguinte, o
conhecimento de Deus é mais do que a compreensão de uma verdade; é a
experiência livre e consciente de um Deus que vem a nós, doando-se totalmente a
nós.
Compreende-se,
então, a insistência de Jesus, após a última Ceia, em dizer aos discípulos que,
caso o amassem e compreendessem o sentido de sua despedida, se alegrariam com a
sua morte. Escreve S. Leão Magno: “Assim como a ressurreição do Senhor foi para
nós causa de alegria na solenidade pascal, assim sua ascensão aos céus é causa
do gozo presente, já que recordamos e veneramos devidamente, desde agora, aquele
no qual a humildade de nossa natureza senta-se em companhia de Deus Pai”. Criados
à imagem e semelhança de Cristo, temos a certeza de que não só o aspecto
espiritual, mas a totalidade de nossa pessoa vem transfigurada e totalmente
realizada nele.
A natureza humana, que foi assumida em
sua plenitude pela pessoa divina de Jesus, retorna para junto do Pai,
purificada do pecado e libertada da corrupção da morte. Assim, pelo batismo,
somos parte dessa nova natureza e já nos encontramos inseridos na vida divina
do Filho de Deus, pois, proclama S. Cirilo de Alexandria: “A dignidade do Filho
de Deus passou à humanidade inteira por meio do Espírito Santificador”:
tornamo-nos membros do Corpo do Cristo.
Dom
Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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