Reflexão do Evangelho de domingo 15 de maio



Reflexão do Evangelho de domingo 15 de maio
Jo 20, 19-23 - Aparição aos Apóstolos (Pentecostes)
                                      
       O sol já descambava, quando Jesus, no primeiro dia da semana, aparece aos discípulos. Encontro inesperado. Por temor, as portas, do lugar onde se encontravam, estavam fechadas. De repente, eles ouvem uma voz conhecida e muito amada: “A paz esteja convosco! ”. É o Mestre, que se põe no meio deles e lhes mostra as chagas de suas mãos e do seu lado, dissipando o temor e a dúvida de que não fosse realmente Ele. Os Apóstolos exultam com a sua presença, pois a esperança, aninhada em seus corações, não foi vã; realiza-se a promessa do Mestre: é o retorno glorioso de Jesus, presença de uma vida nova, força de transformação da história, pois, no dizer de S. Irineu, “Deus é aquele que vem do futuro”.
       Uma certeza é dada aos discípulos: não há mais espaço para uma vida tacanha e egoísta, sem ideal, porque mais forte do que a morte é o amor e o perdão, concedidos pelo Senhor, que soprando sobre eles disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Eles recebem a missão de prolongar a ação misericordiosa do Senhor, que veio para tirar o pecado do mundo, e permitir que todos, no seu perdão, tenham um novo início e uma nova esperança. Inicia-se o tempo da Igreja, na qual Jesus, graças ao Espírito Santo, se coloca ao alcance de todos os que vêm, com confiança, ao seu encontro.  
À salvação eterna se liga definitivamente a história humana: a graça divina é comunicada a cada pessoa, a cada membro do Corpo de Cristo, pelo que se pode dizer, com S. Irineu: “Onde está a Igreja, está o Espírito, e onde está o Espírito, está a Igreja”. Pentecostes é a força que constitui a comunidade dos Apóstolos, que, em número de Doze, valor simbólico, significam a reunificação das doze tribos de Israel, representando todos os povos da terra. Assim, em meio à confusão de Babel, o Espírito convoca todos à unidade, permitindo, segundo os Atos dos Apóstolos, “que a multidão de fiéis fosse um só coração e uma só alma, e não houvesse pobres entre eles”.
Pentecostes é também a efusão dos dons espirituais, que libertam o ser humano da escravidão do mal e do erro, e lhe concedem participar da intimidade da vida de Deus: trata-se de uma “nova” comunidade (koinonia), pois o Espírito Santo, nas palavras de S. João Damasceno, “é fonte de sabedoria, de vida e de santidade, fogo do amor de Deus”. Se outrora, foi insuflado um sopro de vida, agora, o Pai e o Filho comunicam o próprio Espírito Santo, que realiza a “verdadeira” criação de Deus, para que, na vida dos seguidores de Jesus, resplandeça “a natureza una da Trindade”.  No Espírito, efetiva-se, segundo S. Basílio Magno, a “sinfonia” da criação, que, presente na história, bate à porta do mundo “para trazer-lhe paz, vida e santidade”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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