Reflexão do Evangelho de quarta-feira 01 de junho
Reflexão
do Evangelho de quarta-feira 01 de junho
Mc 12,
18-27 - Ressurreição dos mortos
Pelo fato de impedir a realização
temporal do seu projeto de futuro, a possibilidade da morte causa angústia e
sofrimento ao ser humano. Porém, o ser humano não se limita à realidade física,
nem é absorvido por ela, mas, graças à sua consciência, ele se ultrapassa e projeta,
na dimensão futura, seu desejo de unidade e de comunhão. Então, ele se
compreende como vida em comunhão e como comunhão de vida, que é perpetuada no amor
e na misericórdia de um Deus, que “não é, diz Jesus, um Deus de mortos, mas sim
de vivos”.
Lá
estavam, ouvindo Jesus, os saduceus, que não admitiam nada além do que seus
olhos podiam constatar. Por isso, tentando mostrar que a ressurreição dos
mortos resulta inútil e mesmo impossível, eles recordam o Pentateuco, segundo o
qual, “se um homem morre sem filhos, seu irmão deverá casar com a viúva, para
dar descendência ao irmão defunto”. É a lei do levirato. Pois bem, eram sete
irmãos e todos a tiveram como esposa sem deixar filhos. Caso houvesse
ressurreição, “de quem a mulher seria esposa? ” Portanto, é inconcebível falar
de uma vida futura, pois nos céus, eles estariam disputando pela mulher, que lhes
tinha pertencido, sucessivamente. Contrariando as palavras do Mestre e mesmo
procurando ridicularizá-lo, eles concluem que não se pode falar de uma vida
futura: para eles, ela se limita à realidade humana.
No
entanto, de modo enfático, Jesus diz estarem eles “no erro” e os acusa de “não
conhecerem as Escrituras”, declarando, com firmeza, que, desde o começo, estas falam
do poder do espírito, sopro vital, presença da vida que é mais forte que a
morte. Nesse sentido, dirá S. Agostinho: “Uma vida sem eternidade é indigna do
nome de vida. Verdadeira é só a vida eterna”. Para Jesus, os saduceus
desvirtuaram a Lei de Deus, porque a imortalidade é mais do que a sobrevivência;
é vida feliz do homem junto de Deus, destino previsto e que Ele veio,
justamente, restaurar. A propósito, ao pedido do bom ladrão: “Jesus, lembra-te
de mim quando chegares ao teu reino”, Ele comunica-lhe esperança e conforto:
“Em verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso”. A morte não é só o
último ato da vida terrena, mas é também o momento de encontro do homem com
aquele que é plenitude de vida. No mesmo sentido, S. Hilário de Poitiers
interroga-se: “Podia o Deus imortal dar-nos uma vida sem outro horizonte que a
morte? Podia inspirar-nos tanto desejo de viver, se não pudéssemos ir além dos
horrores da morte? ”.
Essa
vida feliz e eterna, no final de nossa peregrinação terrena, dependerá da
decisão definitiva, que tomarmos diante de Deus, no momento de nossa passagem, livres
dos condicionamentos e dos limites próprios da natureza terrena. Então, de
acordo com as decisões tomadas ao longo da vida, optaremos por uma vida de
abertura e de comunhão ou pelo fechamento sobre nós mesmos: ou se entrega
totalmente a Deus e vive o amor, ou se priva dele e se fecha aos outros,
isolando-se.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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