Reflexão do Evangelho de domingo 29 de maio
Reflexão
do Evangelho de domingo 29 de maio
Lc
7,1-10 - A cura do servo do centurião
Os
milagres realizados por Jesus são prodígios de bondade e de misericórdia, atendendo
a necessidade das pessoas e não tendo em vista satisfazer a exigência,
apresentada pelos doutores da Lei, de mostrar um sinal, que legitimasse sua
missão profética. Na narrativa de hoje, é curado o servo de um centurião
romano, que suplicava a Jesus: “Meu criado está deitado em casa, paralítico,
sofrendo dores atrozes”. Como em outras ocasiões, constata-se a existência da
fé naquele que intercede pelo doente; não se fala propriamente que a fé seja um
pressuposto do milagre, mas claramente se declara que o milagre é um apelo à
fé: a missão de Jesus é, então, compreendida como chegada do Reino de Deus na vida
dos que creem e acolhida confiante de sua pessoa, como presença da salvação de
Deus. Assim, ao confortar e consolar o centurião, dizendo-lhe: “Eu irei
curá-lo”, segundo S. Agostinho, “o Senhor não quer, simplesmente, entrar na
casa daquele homem. Ele deseja entrar em seu coração”.
Se
o centurião é alguém de uma fé ardente e de uma total confiança em Jesus, é
também alguém de uma profunda humildade. Diante da oferta generosa do Senhor de
ir à sua casa, ele declara: “Senhor, não sou digno de receber-te sob o meu
teto; dize uma palavra e o meu criado ficará curado”. Como se infere, o poder e
a autoridade, que ele tem sobre seus soldados, conferem-lhe a convicção de que uma
única palavra do Senhor fará desaparecer a doença do seu servo. É de se
ressaltar o reconhecimento do poder e da misericórdia de Deus em Jesus, o que
torna sua palavra soberanamente eficaz. Por isso, confessa S. João Crisóstomo:
“O centurião confiava, cheio de esperança, que seu servo seria curado”.
O
sereno convencimento do oficial romano funda-se, unicamente, na eficácia divina
da palavra de Jesus. Fato este que não lhe permitiu se sentir intimidado ao
procurar ajuda de um pregador itinerante da Galileia, mesmo com o risco de ser ridicularizado
pelos seus compatriotas. Perante esse testemunho, admirado, Jesus exclama: “Em
Israel, não achei ninguém que tivesse tal fé”. Aliás, a fé em Jesus e o carinho
dele para com seu servo são extraordinários, dando razão às palavras do Mestre:
“Virão muitos do oriente e do ocidente e se assentarão à mesa no Reino dos
Céus”. S. Hilário de Poitiers por sua vez destaca que “a cura do servo do
centurião, sem que Cristo tenha entrado em sua casa, é sinal do mistério da
salvação dos pagãos: o centurião representa todos os que estão neste mundo”, e que
são membros do Reino de Deus pela fé, não pela pertença a uma raça.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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