Reflexão do Evangelho de terça-feira 03 de maio
Reflexão
do Evangelho de terça-feira 03 de maio
Jo 14,7-14
– União dos homens a Deus
O conhecimento e a atividade do ser
humano são um itinerário para Aquele que veio restaurar a criação em sua glória
divina original: em sua Encarnação, Jesus é o início da nova verdadeira criação
de Deus, pois a vitória sobre o pecado e o mal o torna primícias do homem novo
da nova criação, o primeiro entre muitos irmãos. Ele é o homem novo, o Caminho
para o Pai; Ele é aquele que torna Deus acessível à criatura humana, sem
diminuir nem eliminar o humano, que nele se realiza em sua forma mais elevada e
autêntica. Assim, ao afirmar: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”, Ele revela
ser nossa inalienável união com Deus, pois escreve S. Gregório Nazianzo: “O que
não foi assumido por Cristo não é salvo, e o que está unido a Deus é salvo”. Em
outro momento, ele conclui: “Nós tínhamos necessidade de um Deus feito carne e
entregue à morte para podermos viver de novo”. Portanto, ao assumir nossa
humanidade, o Filho de Deus restaura a criação em sua beleza primitiva e nos
permite antever a nossa transfiguração, como homens novos num mundo novo,
portadores da imensa capacidade de luz e de paz.
Essa estreita união com o Pai é condição
para se compreender a autoridade de Jesus e a sua perfeita adequação à vontade
de Deus. Consequentemente, sua missão não se reduz a uma simples função dada
pelo (apó) Pai, tampouco é Ele um
homem dotado de carismas especiais: Ele é um ser proveniente de uma esfera de
realidade diversa e sua missão, mais do que um mandato do Pai, é expressão dele
mesmo, o Filho, que provém do (ek)
Pai: “Se Deus fosse vosso Pai, amaríeis também a mim, porque saí do Pai e dele
venho” (8,42).
Mais uma vez, percebemos que a preocupação do
Evangelista não é salientar a humanidade de Jesus, mas pôr em evidência que Ele
é a Palavra, “que estava com Deus” e que se tornou carne. Efetivamente, para S.
João, é decisivo ter em mente que, por origem, Jesus pertence não à esfera
humana, mas a outra ordem, da qual já temos uma experiência viva e acessível. Por
isso, diante da pergunta de Filipe: “Mostra-nos o Pai, isso nos basta! ”, Jesus
lhe diz: “Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? ”. Se não
cremos em sua Palavra, ao menos acreditemos por causa do que Ele faz.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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