Reflexão do Evangelho de domingo 22 de maio
Reflexão
do Evangelho de domingo 22 de maio
Jo
16,12-15 – Um só Deus em três Pessoas
Para a revelação bíblica, a fonte
suprema da felicidade é Deus, um Deus não distante do mundo, tampouco da
história humana, pois entre Ele e o homem existe uma relação dialogal, graças à
convergência entre o amor de Deus, que se revela no vulto humano de seu Filho
Jesus, e a faculdade do homem de transcender a si mesmo, em seu ato de
confiança e humildade. O desígnio eterno do Pai não exclui ninguém: seu desejo
é que todos vivam unidos no amor do seu Filho Jesus. Orígenes, teólogo
alexandrino, descreve o diálogo de Deus com o homem, em sua peregrinação
terrena, como participação do eterno diálogo “no céu” entre o Pai e o Filho no
Espírito Santo.
À
base dessa experiência salvadora, os primeiros teólogos da Igreja falam do mistério
da Santíssima Trindade: um só Deus em três Pessoas. Aliás, eles afirmam ser impossível
saber o que Deus é; mas a partir de sua revelação na História da Salvação,
pode-se saber que Ele é Pai, Filho e Espírito Santo: unidade perfeita, em três
Pessoas. Daí o fato de eles professarem que, desde a criação do mundo até o fim
dos tempos, embora a característica própria de cada Pessoa não desapareça, a
ação de cada uma delas é sempre trinitária. A propósito, são inspiradoras as
palavras de Jesus: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” (Jo 14,11): unidade
perfeita, sem qualquer mistura nem fusão.
Para
expressar o mistério trinitário, alguns autores utilizam imagens, tiradas da
natureza. Assim, Orígenes emprega a imagem da luz para designar o Pai, Criador
de todas as coisas, que, como fonte da luz divina, envia o Esplendor de sua
luz, seu Filho Jesus, para iluminar os seres humanos e livrá-los das trevas do
pecado e do erro. Vindo ao mundo, Ele assumiu a nossa humanidade e deu sua vida
para a salvação de todos; retornando para junto do Pai, Ele e o Pai enviam o
Espírito Santo, que une intimamente a Jesus todos os que acolhem a boa nova do
Evangelho, de modo que a luz divina, comunicada pelo Filho, não se apague, mas
permaneça iluminando-os, e eles sejam “luz do mundo”.
Por
conseguinte, o amor, que une as três Pessoas divinas, também compreende a
participação do ser humano na vida incriada de Deus: introduzido no coração da
Trindade, ele se torna, como membro da verdadeira nova criação de Deus, pela
prática concreta e simples do amor fraterno, “uma pessoa trinitária”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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