Reflexão do Evangelho de sábado 28 de maio
Reflexão
do Evangelho de sábado 28 de maio
Mc 11,
27-33 - Questões sobre a autoridade de Jesus
De cidade em cidade, Jesus passa
ensinando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Percorre a Galileia
trazendo esperança à população simples e carente, que o aclamava e o seguia. Em
Jerusalém, diante dos doutores da Lei e sacerdotes, que não o viam com bons
olhos, Ele não se deixa intimidar, tampouco se cala. Sua maneira de ser
impressionava o povo, que se aglomerava para ouvi-lo. Nas suas palavras,
antevia-se o gesto do homem que anunciava o mandamento do amor fraterno, tão
fecundo como o do semeador, lançando a semente em terra boa. À medida que crescia sua popularidade também
aumentava a preocupação dos membros do Sinédrio, supremo conselho do povo
judeu, constituído por sacerdotes e escribas, que envia uma delegação para
saber com que autoridade Ele agia daquela maneira e quem lhe teria outorgado o
poder de ensinar.
Se
os greco-romanos consideravam o poder como algo obtido e consolidado pela
força, Israel o tinha como dom concedido por Deus em vista de uma missão ou de
uma tarefa em benefício do povo. É neste contexto que Jesus se coloca e os
remete a João Batista, utilizando o método rabínico de discutir, ou seja, dando
como resposta uma pergunta: “O batismo de João era do Céu ou dos homens? ” Os
escribas e sacerdotes ficam pasmos; eles evitam dar uma resposta, pois o povo tinha
João Batista como um profeta.
Nesse
sentido, S. Agostinho observa que “os assalta o temor de eles serem apedrejados
pelo povo, que considerava João Batista um profeta; porém, outro temor, ainda
maior, os invade: o de confessar a verdade. Por isso, eles respondem com
falsidade: ‘Não sabemos’”. Jesus não contesta, deixando-os ainda mais perplexos,
pois, em suas palavras, Ele acena para a autoridade profética de João Batista.
Ora, se João tinha autoridade, quanto mais Ele! Autoridade que Ele manifesta em
seus ensinamentos, seja no perdão dos pecados, seja na ordem dada aos demônios.
Por conseguinte, sua autoridade repousa, sobretudo, em seus ensinamentos, mais
do que nos milagres, que acontecem, sem fazerem parte essencial de sua missão. De
fato, a multidão, que o acompanha, reconhece o seu amor misericordioso, sua
generosidade e o coração compassivo diante do sofrimento e das dores de cada
pessoa: ela crê em suas palavras e, sentindo-se amada, o considera um enviado
de Deus, que age e fala por Ele.
Os
adversários compreendem bem sua argumentação, mas eles não o entendem em seu
interior, como salienta S. Beda: “Eles não o entendem por duas razões: por serem
incapazes de entender o que buscam ou porque são indignos de se abrirem à sua
palavra, minados pelo ódio ou pelo desprezo à verdade”. Por isso, após dizerem
“não sabemos”, eles se calam, fecham-se em sua autossuficiência, incapazes de
terem um gesto de humildade ou de amor desinteressado. Por sua vez diz Tertuliano:
“Eles não conseguiam dar uma resposta consistente, pois não eram capazes de
entender nem crer”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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