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Mostrando postagens de maio, 2013

Reflexão do Evangelho do dia 02 de Junho de 2013

Domingo – 02 de junho Lc 7, 1-10 – A cura do servo do centurião           O centurião romano suplica a Jesus: “Meu criado está deitado em casa, paralítico, sofrendo dores atrozes”. Jesus o conforta e o consola, dizendo-lhe: “Eu irei curá-lo”, pois, comenta S. Agostinho: “O Senhor não quer, simplesmente, entrar na casa daquele homem. Ele deseja entrar em seu coração”. Ele representa alguém que reza com fé ardente e vai a Jesus com total confiança. O evangelista S. Mateus descreve o servidor “sofrendo dores atrozes” e o centurião, alto personagem, como alguém de profunda humildade, que, diante da atitude generosa do Senhor, diz-lhe: “Senhor, não sou digno de receber-te sob o meu teto; basta que digas uma palavra e o meu criado ficará são”.            Uma palavra basta, porque é “tua” palavra e ela é soberanamente eficaz. O militar pagão reconhece em Jesus o poder e a misericórdia de Deus. Diz S. Agostinho: “É necessário ater-se ao médico, que vem para curar as enfermidades da al

Reflexões do Evangelho do dia 01 de Junho de 2013

Sábado – 01 de junho Mc 11, 27-33: Questões sobre a autoridade de Jesus                     De cidade em cidade, Jesus passa ensinando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Ele percorre a Galileia trazendo esperança à população simples e carente. Ela o aclamava e o seguia. Em Jerusalém, ele não se cala, nem se intimida diante dos doutores e sacerdotes, que não o veem com bons olhos. Também aí, ele ensina e as multidões aglomeram-se para ouvi-lo. Uma delegação do Sinédrio, supremo conselho do povo judeu, constituído por sacerdotes e escribas, aproxima-se dele para interrogá-lo: “Com que autoridade fazes estas coisas?” À diferença dos greco-romanos, que consideravam o poder como algo obtido e consolidado pela força, Israel o vê como dom concedido por Deus em vista de uma missão ou do exercício de uma tarefa em benefício do povo. Colocando-os nesse contexto, Jesus os remete, primeiramente, a João Batista, cuja missão era reconhecida como de origem celeste. Pergunta-lhes: “O b

Reflexão do Evangelho do dia 31 de Maio de 2013

Sexta-feira – 31 de maio Lc 1,39-56 -  Visitação de N. Senhora A saudação do anjo a Maria, “alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo”, designa-a como cumulada de graça ou favor divino (kecharitoméne), e de modo permanente (cháris), uma vez que a graça divina habita em sua vida, desde sempre. Se o pecado significa fechar-se a Deus e aos irmãos, a graça divina outorga ao ser humano uma qualidade sobrenatural, demonstrada por Maria, cujo coração é voltado para o Senhor em total sintonia com a sua vontade. Ao Anjo, ela responde: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua vontade”, pois nela não há qualquer sinal, por menor que seja de egoísmo ou de fechamento aos desígnios do Pai. E por estar entregue a Deus, ela é toda disponível aos seus semelhantes. Por isso, destaca-se a presteza com que ela se encaminha à casa de Isabel, indo imediatamente ao seu encontro para servi-la. Comenta S. Ambrósio: “Maria é movida pela alegria de servir, levada pela piedade em cumprir

Reflexão do Evangelho do dia 30 de Maio de 2013

Quinta-feira – 30 de maio Lc 9, 11-17 - Festa de Corpus Christi                                 Na festa de Corpus Christi, do Corpo de Cristo, rendemos ação de graças a Jesus pela Quinta-feira santa. Na última Ceia, ele deixa aos seus discípulos o mais valioso presente, a Eucaristia. Nela reconhecemos sua presença real e verdadeira e o adoramos como o Salvador de todo o gênero humano. Ele é o verdadeiro Cordeiro, que realiza a Redenção da humanidade. Diz o Senhor: ”Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue é verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, eu nele. Assim como o Pai, que vive, enviou-me e eu vivo pelo Pai, também aquele que de mim se alimenta viverá por mim”. A Eucaristia, pr

Reflexão do Evangelho do dia 29 de Maio de 2013

Quarta-feira – 29 de maio Mc 10, 32-45 - Pedido da mãe dos filhos de Zebedeu Referindo-se à sua morte e ressurreição, Jesus diz aos Doze Apóstolos: “O Filho do Homem será entregue aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado. Mas no terceiro dia ressuscitará”. Ao ouvir tais palavras, omemn HH a mãe dos filhos de Zebedeu dirigiu-se a ele, pedindo que “seus dois filhos se assentassem um à direita e outro à esquerda” em seu Reino. A mãe fez o pedido, mas são os filhos que recebem a resposta. Há uma ambição a ser corrigida. Aliás, não é a primeira nem a última vez que o Evangelho sublinha o desejo de precedência. Por isso, o Senhor interroga: “Podeis beber o cálice que estou para beber?” Estar com ele na glória é viver, desde agora, o abandono total e a renúncia a si mesmo. É participar de sua morte e dos seus sofrimentos. Escreve S. João Crisóstomo: “Quem procura a ostentação, enquanto o Senhor segue a humildade, não reflete a imagem de Cristo, pois não é verdadeiro dis

Reflexão do Evangelho do dia 28 de Maio de 2013

Terça-feira – 28 de maio Mc 10, 28-31: Recompensa pelo desprendimento                     O desprendimento e a renúncia estão estreitamente ligados à prática da vida cristã.  Desde criança, somos introduzidos, por nossos pais, à prática de pequenos sacrifícios, como exercício para tornar o corpo são e forte. Pela renúncia, escreve Evágrio, “o corpo torna-se ligeiro, alegre e munido de asas”. Daí o fato de S. João Batista ser representado nos ícones com asas. Muitos outros termos, que remontam às tradições pré-cristãs, foram adotados pelos cristãos para designar a renúncia, como purificação, ascese, mortificação e domínio de si mesmo. Sem cair no estoicismo ou no maniqueísmo, aspira-se seguir ao Senhor por ser ele, e não os bens materiais e as paixões desordenadas, o centro da vida cristã. A renúncia ou penitência constitui força renovadora, criativa, o dinamismo de uma vida capaz de sempre se renovar. Pelo desprendimento, diz Orígenes, “o divino Mestre libera do meio das areia

Reflexão do Evangelho do dia 27 de Maio de 2013

Segunda-feira – 27 de maio Mc 10, 17-27: O perigo das riquezas           Os Apóstolos ficam atônitos diante das palavras de Jesus: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. Em nome dos Doze, exclama S. Pedro: “Nós tudo deixamos e te seguimos: O que vamos receber?” Eles acabam de ver a reação do jovem rico. As palavras misericordiosas do Senhor não lhe foram compreensíveis, pois o jovem não entendeu “que o supérfluo, que possuía, era necessário ao pobre” (S. Agostinho). Apegado e não querendo renunciar aos seus bens, ele se retira. Ao contrário, os Apóstolos perseveram no seguimento de Jesus. O que receberiam? Sem recriminar Pedro, por sua expectativa de retribuição, Jesus confirma o que dissera ao jovem. Quem busca o Reino dos céus, livre em seu coração, coloca nele toda a sua confiança, seguindo-o prontamente. Movem-no, unicamente, o amor e a esperança.           Diante de Jesus e dos Apóstolos, descortinam-se as muralha

Reflexão do Evangelho do dia 26 de Maio de 2013

Domingo – 26 de maio Jo 16, 12-15 – SS. Trindade - Um Deus em três Pessoas      Desde a antiguidade grega, grande é o desejo de se chegar a Deus, fonte de felicidade. Persegue-se o ideal do Bem e do Belo, pelo qual o ser humano entra em contato com a realidade divina.  O mérito consiste em postular um ideal moral e em colocar a questão de Deus em termos existenciais, que impulsionam o homem a buscar Deus e, mesmo, a imitá-lo. No entanto, em tal visão filosófica, não se concebe a possibilidade de um diálogo com o Ser supremo.          Na Revelação divina da Bíblia, ao invés disso, Deus torna-se acessível e estabelece uma relação dialogal conosco. S. Basílio Magno fala de “um discurso do espírito com Deus” para designar a oração, diálogo entre Deus e o homem. Orígenes, grande teólogo, intui que este diálogo, realizado durante a peregrinação terrena, é participação do diálogo eterno “no céu” entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Deus é concebido como plenitude de amor. E ao s

Reflexão do Evangelho do dia 25 de Maio de 2013

Sábado – 25 de maio Mc 10, 13-16: Jesus e as crianças           Jesus se vê rodeado de crianças, trazidas pelos parentes, para que ele lhes imponha as mãos. Sinal de sua transcendência sagrada. Contato salvador de Jesus com a humanidade, cujo efeito é testemunhado pela hemorroíssa, ao tocar suas vestes, e pelo surdo-mudo, tocado por ele. Este aspecto sensível faz parte integrante da realidade humana. Também, em nossos dias, é forte a necessidade de tocar, de sentir a presença da graça e de receber uma bênção pela imposição das mãos.           Das crianças é o Reino de Deus, proclama o Evangelho. Elas confiam em Jesus e suas mães desejam que ele lhes conceda proteção e a graça divina. Escreve S. Epifânio: “As crianças ignoram a maldade, pois não sabem pagar o mal com o mal. Não sabem como prejudicar alguém”. Apolinário de Laodiceia observa: “O que a criança tem por natureza, Deus deseja que tenhamos por escolha: confiança, simplicidade, não guardando rancor face aos erros alhe

Reflexão do Evangelho do dia 24 de Maio de 2013

Sexta-feira – 24 de maio Mc 10, 1-12: Perguntas sobre o divórcio           Acalorada era a discussão entre os rabinos sobre o motivo que legitimava o repúdio da própria mulher. A questão girava ao redor das determinações do Deuteronômio, cujas expressões eram pouco precisas. Para testar Jesus, os fariseus lhe perguntam: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Os mais rígidos, escola de Shammai, interpretavam o texto bíblico em seu sentido estrito: só em caso de uma conduta deveras desonrante. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar a mulher por não importa qual motivo. A pergunta é capciosa e visa colocar Jesus à prova.           Ciente do que se passa no coração de seus ouvintes, o Senhor situa a questão no quadro dos desígnios do Pai. Sem negar a Lei, é necessário superá-la não se deixando limitar por ela. Com sabedoria, Jesus põe em evidência o gesto inicial da criação do universo: o amor de Deus. No “princípi

Reflexão do Evangelho do dia 23 de Maio de 2013

Quinta-feira – 23 de maio Mc 9, 41-50: O escândalo a ser evitado                     Duas forças operam em nossa vida: o poder da tentação e o poder da fé. Se o primeiro quer arrastar o homem ao pecado, o segundo permite-lhe superar os obstáculos e vencer as atrações do mal. O maior dos males é a ruptura com Deus e com os irmãos, enquanto o maior bem é, justamente, a vida em Deus e a comunhão fraterna. Quão grande foi o escândalo suscitado pelo bezerro de ouro, o cisma de Israel ou os ídolos de Samaria! Não menos vigoroso e forte é o apelo para não ser causa de escândalo. A palavra escândalo sugere a ideia de armadilha ou pedra de tropeço, que provoca a queda de alguém. A gravidade de sua prática é medida pelo castigo infligido àquele que o causa. As palavras do Mestre mostram-se duras e severas ao dizer “que seria melhor para quem é causa de escândalo atar no pescoço uma grande pedra de moinho e lançar-se ao mar”. S. Agostinho comenta: “Jesus não se envergonhou de repetir tr

Reflexão do Evangelho do dia 22 de Maio de 2013

Quarta-feira – 22 de maio Mc 9, 38-40 - O uso do nome de Jesus                     Os primeiros cristãos, de origem judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado pelo próprio Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a qualquer outro nome. Realidade inefável. A mesma ideia tinham eles a respeito do nome de Jesus, que, em seu poder, imprime no cristão a sua imagem misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se nele uma verdadeira transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).           Se a transfiguração do homem se realiza, graças à presença do Senhor, não só entre nós, mas em nós, seria possível alguém apoderar-se da ação ou do ministério de Jesus? O Apóstolo S. João relata a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos s

Reflexão do Evangelho do dia 21 de Maio de 2013

Terça-feira – 21 de maio Mc 9, 30-37: Quem é o maior?                     No surgimento da Igreja, o Apóstolo S. Pedro recebe do Senhor diversos sinais de preeminência, o que poderia despertar, entre os Apóstolos, certa rivalidade. Não esqueçamos, observa S. Jerônimo, que os demais “Apóstolos tinham visto que Pedro e o Senhor pagaram o mesmo tributo” devido ao Templo. Tiago e João foram escolhidos com Pedro para serem testemunhas da Transfiguração. Eles já o tinham sido da ressurreição da filha de Jairo. Vem, então, muito a propósito a curiosidade dos discípulos, “que se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem é o maior no Reino dos Céus?” Em todos os tempos, o desejo de grandeza e de glória encontra guarida em muitas mentes. Mas nada escapa ao olhar atento de Jesus. Por isso, querendo formá-los, ele adverte que para partilhar da sua glória é necessário passar pela cruz. De imediato, eles não o entendem, pois era forte entre eles a concepção da vinda gloriosa do Messias.

Reflexão do Evangelho do dia 20 de Maio de 2013

Segunda-feira – 20 de maio Mc 9, 14-29 – Cura do epilético endemoninhado        Os milagres são expressões do poder salvador de Deus manifestado em Jesus e atestam, assim como sua pregação, sua missão redentora. Ligados à fé, os milagres se situam acima de todo poder humano. Escreve Orígenes: “Se houver uma fé completa, em que a Escritura é acolhida em sua totalidade, então, o fiel será como o grão de mostarda, e nada lhe será impossível”.           Mas há milagres, tão próximos da vida, como o do epilético endomoninhado, que nos colocam no interior da Providência divina e nos fazem reconhecer a importância primordial deles no ministério de Jesus. O pai do jovem havia, anteriormente, recorrido aos discípulos, sem conseguir nada. Após a cura e a expulsão do demônio, Jesus repreende os Apóstolos pela pouca fé demonstrada por eles. Mais tarde, eles o procuram e, a sós, perguntam-lhe: “Por que não pudemos expulsá-lo”? A resposta os conduz ao sentido do milagre que, como manifesta

Reflexão do Evangelho do dia 19 de Maio de 2013

Domingo – 19 de maio Jo 20, 19-23 – Pentecostes (Efusão do Espírito Santo).                     Após sua morte e ressurreição, Jesus prometeu a seus discípulos o dom do Espírito Santo. No dia de Pentecostes, rezamos uma antífona, muita significativa e de grande beleza, na qual suplicamos ao Espírito Santo que “Ele nos faça renascer, e renove a face da terra”. Lembramo-nos, então, da passagem do Evangelho do dia de hoje. Jesus “soprou sobre os Apóstolos e lhes disse: Recebei o Espírito Santo, aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados”. No perdão de Deus renascemos para uma vida nova. Por meio dos Apóstolos e dos ministros de Cristo, o Espírito Santo age e nos concede o perdão sacramental. Regenerados, contemplamos a luz divina iluminando o nosso ser e, extasiados, mergulhamo-nos no oceano de luz e de silêncio. A doçura é tal, que o coração se consome de amor e nos prepara para dar a vida por aquele que amamos, por todos e cada um com o qual convivemos. O fogo do

Reflexão do Evangelho do dia 18 de Maio de 2013

Sábado – 18 de maio Jo 21, 20-25: O destino dos Apóstolos Pedro e João           Ao longo de sua missão pública, Jesus emprega o verbo “permanecer” por diversas vezes. Já no início de suas pregações, vendo André e o “outro discípulo” e visando colocá-los em seu seguimento, ele lhes diz: “Vinde e vede”. O verbo “ver” ou o ato de ver tem um papel importante no processo joanino do conhecimento, o que permite situar S. João entre as testemunhas oculares da vida de Jesus. De fato, logo após, o Evangelho narra que ambos permaneceram com Ele “aquele dia”, expressão que designa a união íntima deles com Jesus. Tornam-se seus discípulos, pois deixam tudo para segui-lo.           A figura jovem e mística do evangelista S. João nos impressiona, sobretudo, na celebração da última Ceia e no momento da crucifixão de Jesus.  Na Cruz, João representa todo verdadeiro discípulo de Jesus e recebe Maria como sua mãe. Orígenes escreve: “Ainda hoje, Jesus diz a cada um de nós: eis tua mãe”. Na últi

Reflexão do Evangelho do dia 17 de Maio de 2013

Sexta-feira – 17 de maio Jo 21, 15-19: A confirmação de Pedro           Em Cesareia, logo após sua confissão de fé, Jesus institui o primado do Apóstolo S. Pedro. Agora, após a sua ressurreição, ele realça o primado de Pedro e sua autoridade sobre os demais Apóstolos: “Quando voltares, diz Jesus, confirma teus irmãos”. O verbo “voltar” insinua a ideia de conversão, sugerindo, de modo implícito, a tríplice negação do Apóstolo no momento da prisão do Mestre. Se, naquele momento, Pedro vacilou, logo em seguida, voltando-se para o Senhor verteu lágrimas de arrependimento.     Em sua terceira aparição aos Apóstolos, Jesus ressuscitado empreende um sublime diálogo com Pedro. Parece-nos que o Mestre deseja restabelecer a “rocha” em sua fortaleza com uma tríplice profissão de amor. Diz a Simão Pedro: “Amas-me mais do que estes?” O fato de repeti-la por três vezes, leva-o a descobrir, na humildade, onde reside a força de sua renúncia e reforça o sentido do verbo amar: “Amas-me acima d

Reflexão do Evangelho do dia 16 de Maio de 2013

Quinta-feira – 16 de maio Jo 17, 20-26: Que todos sejam um como nós, ó Pai.                     Jesus coloca os Apóstolos diante de dois momentos de sua vida: sua missão terrena e seu retorno para junto do Pai. Ele apareceu neste mundo pecador como nosso Salvador, tornando-se um indivíduo de nossa história para nos conduzir ao Pai. Pasmos, perguntamo-nos: como é que a salvação de todos depende dele? De acordo com o Evangelho de S. João a nossa relação com o Filho se estabelece pelo fato de ele ter assumido nossa carne, tornando-se homem. Ele não é simplesmente “um” (en) algo, ele é este único, em quem somos “um” (eis) só ser. Foi o que Paulo compreendeu às portas de Damasco, ao ouvir: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Ora, ele estava atrás não de Cristo, mas dos cristãos. Por isso, ao ouvir a voz do alto, ele reconhece que Cristo e os cristãos são um só. De fato, ao longo do Evangelho, o próprio Jesus diz aos Apóstolos: “Quem vos recebe, a mim recebe, quem vos rejeita, a mi

Reflexão do Evangelho do dia 15 de Maio de 2013

Quarta-feira – 15 de maio Jo 17, 11-19: Oração sacerdotal de Jesus (II).           Instituído no sermão da Montanha, o Colégio dos Doze foi se consolidando ao longo da vida e do ensinamento de Jesus. Ao Apóstolo Pedro foi confiado o governo da Igreja e a função de “confirmar seus irmãos na fé”. Os Doze receberam o poder de “ligar e desligar” e deverão perpetuar a eucaristia, a comunhão e o serviço mútuo. A unidade existente entre Pai e o Filho, em sua missão na terra, envolve agora os discípulos. No desejo de que sejam um e que o ardor da comunhão jamais esmoreça, Jesus roga ao Pai por eles e não só por eles, mas também pelos que hão de segui-los. De modo solene, ele ora: “Pai santo, guarda-os em teu nome - este nome que me deste – para que eles sejam um como nós somos um”.   Jesus prepara os discípulos para sua partida iminente. Quer que eles participem de sua alegria, cuja plenitude é o fato de ele entrar, no dizer de S. Ambrósio, “na glória de sua filiação divina”. Porém,

Reflexão do Evangelho do dia 14 de Maio de 2013

Terça-feira – 14 de maio Jo 15, 9-17: Amai-vos como eu vos amei           Começou o reino do amor e foi dissolvida a escravidão do pecado e da morte. Na cruz do Calvário apareceu a nova vida para toda a humanidade, pois em Jesus deu-se a reconciliação com o Pai. Nos braços abertos e transpassados do Senhor refulge a luz do perdão e do verdadeiro amor, iluminando a todos, sem restrição. “Este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl. 117,24), “dia muito diferente daqueles que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo e que são medidos pelo decurso do tempo. Este dia é o início de uma nova criação” (S. Gregório de Nissa). .            Ao entregar seu Filho à morte, “este dia” é prova de que Deus nos ama e nos comunica sua vida divina. Exclama o Apóstolo S. Paulo: “Nada nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus nosso Senhor”. O sol desse dia brilha para todos, permitindo-nos entrever que Deus, diante da alternativa de condenar ou salvar, escolheu

Reflexão do Evangelho do dia 13 de Maio de 2013

Segunda-feira – 13 de maio Jo 16, 29-33: Jesus fala claramente aos Apóstolos           Por diversas vezes, Jesus fala aos Apóstolos de sua origem divina, embora não tão claramente como no Evangelho de hoje. Ao ouvi-lo, eles exclamam: “Agora vemos que sabes tudo e não tens necessidade de que alguém te interrogue. Por isto cremos que saístes de Deus”.  A palavra de Jesus é clara e sem figuras ou enigmas. Tornam-se supérfluas as imagens, pois se aproxima a hora da despedida. Reconfortados e alegres, os Apóstolos reconhecem no Mestre sua ciência divina e, pasmos diante de sua sabedoria, declaram: “Tu sabes tudo”. Afirmação que confirma as palavras ditas anteriormente por Jesus: “O Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena” (v.13). Ele é a revelação perfeita do Pai. É a sua presença. Diz ele: “Saí do Pai e vim ao mundo; de novo deixo o mundo e vou para o Pai”. Palavras de grandeza majestosa, verdadeiro compêndio do Evangelho de S. João.           O intuito do Senhor é

Reflexão do Evangelho do dia 12 de Maio de 2013

Domingo – 12 de maio Lc 24, 46-53: Ascensão do Senhor          A Ascensão, fato testemunhado pelos Apóstolos, coloca todo o Evangelho e a missão de Jesus sob o signo da alegria e do retorno ao Pai.  Jesus parte para junto do Pai, para a realidade de Deus. S. Gregório de Nazianzo, comentando a ascensão, proclama que Jesus, “com sua morte, vivifica e destrói a morte. Sepultado, ele ressuscita e ascende aos céus, de onde virá julgar os vivos e os mortos”. Também nós, no poder de Jesus, retornamos ao Pai, como peregrinos a caminho da feliz comunhão eterna com Ele. No mistério da Encarnação, nossa humanidade foi assumida pelo Filho de Deus. A submissão divina, kénosis, não é diminuição de sua divindade, mas manifestação de seu inefável amor por todas as criaturas. Pela humanidade do Filho, somos santificados e triunfa em nós a vida divina, pois “Deus se fez portador da carne, para que o homem pudesse tornar-se portador do Espírito” (S. Atanásio). Há uma integração voluntária de De

Reflexão do Evangelho do dia 11 de Maio de 2013

Sábado – 11 de maio Jo 16, 23-28: Se pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo dará           Deus não se justapõe às criaturas. Nem pode ser considerado como estando fora de nós. Deus é plenitude e, por conseguinte, distinguindo-se de tudo, ele está presente em todas as realidades, sustentando-as e guiando-as à sua realização plena. Mas o homem, escreve S. Agostinho, “quer e não quer, sabe e ignora, recorda e esquece. Ninguém tem em si a unidade do ser”, a perfeição. Com efeito, o homem pecou e afastou-se da unidade, pois o pecado significa justamente colocar obstáculos à força do amor, impedindo-a de levá-lo à comunhão com Deus e com seus semelhantes. Mas o Pai eterno não desiste de suas criaturas. Deseja salvá-las. Por isso, ele envia seu próprio Filho Jesus para proclamar que Deus é amor. Apelo admirável à conversão, vigorosa proposta para que, ouvindo sua voz, acolham seu perdão e se reconciliem com ele. Jesus é presença da gratuidade inefável do amor divino. S. Irineu se pe

Reflexão do Evangelho do dia 10 de Maio de 2013

Sexta-feira – 10 de maio Jo 16, 20-23: Ninguém vos tirará vossa alegria                     Perante a possibilidade da morte, o homem, exposto à presença do nada, sente-se angustiado. Quisera abranger o mundo, mas o tempo, que emoldura o horizonte de sua vida, é fugaz. Um suspiro nasce d’alma, ao erguer-se diante de seus olhos o mistério da morte, mistério que o supera e o ameaça.  Assim, o anúncio da morte iminente de Jesus vai muito além do círculo dos Apóstolos. Eles escutam-se no silêncio de seus corações e leem nas palavras de Jesus um convite à confiança e ao amor. Vacilam, entretanto, em abrir seus corações. Percebendo a indecisão deles, Jesus os consola e leva-os a pressentir a esperança do nascimento para uma vida nova, proclamada por sua ressurreição de entre os mortos. A ruptura e a separação, causadas pela morte, trazendo angústia e tristeza, são suplantadas pela alegria interior, causada pela felicidade pascal. A oposição entre vida e morte é vencida pela ressurrei

Reflexão do Evangelho do dia 09 de Maio de 2013

Quinta-feira – 09 de maio Jo 16, 16-20: Anúncio de um breve retorno                     Apresentada sob a forma de um enigma, a referência à sua partida pode ser compreendida como uma parábola. Jesus fala do seu retorno para junto do Pai, colocando-nos no esquema, tantas vezes sugerido no Evangelho, do “buscar e encontrar”. Há também uma referência à tristeza dos Apóstolos: “Chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará”. Mais adiante, porém, Ele dirá: “Mas a vossa tristeza se transformará em alegria”. É a Lei pascal, que compreende a morte para se chegar à ressurreição, presente em toda espiritualidade cristã. O próprio mundo nela se insere. A morte não é um fim, é a porta de entrada da feliz e eterna morada de Deus. A bem-aventurança não se limita ao pensamento humano. Compreende também seu agir e seus sentimentos, pois a feliz experiência de Deus envolve o ser humano em sua totalidade.                A profundidade e a segurança definitiva dessa alegria são proclama

Reflexão do Evangelho do dia 08 de Maio de 2013

Quarta-feira – 08 de maio Jo 16, 12-15: O Espírito vos conduzirá à verdade plena           Dois períodos marcam a revelação divina: a vida terrestre de Jesus e a vinda do Espírito da Verdade, após a glorificação de Jesus junto do Pai. S. Agostinho dirá que “após ter Jesus subido para junto do Pai, ele lhe pedirá que envie o Paráclito. E o Pai o fará”. No entanto, o Espírito Santo jamais será compreendido como complemento da revelação de Jesus, pois ela se deu totalmente na pessoa de Jesus, plenitude da presença de Deus. O Espírito é aquele que ilumina a Igreja, levando-a a um conhecimento sempre mais explícito dos ensinamentos de Jesus.  Os discípulos, por eles mesmos, não eram capazes de apreender tudo o que Jesus lhes transmitiu, pois entre a perfeição de Jesus e a deles existe um abismo, só transposto pelo amor. Amor comunicado pelo Espírito divino, que acrisola seus corações e lhes permite fazer parte da vida divina. Graças ao Espírito, eles se identificam ao Senhor e par