Reflexão do Evangelho do dia 09 de Maio de 2013


Quinta-feira – 09 de maio
Jo 16, 16-20: Anúncio de um breve retorno
         
          Apresentada sob a forma de um enigma, a referência à sua partida pode ser compreendida como uma parábola. Jesus fala do seu retorno para junto do Pai, colocando-nos no esquema, tantas vezes sugerido no Evangelho, do “buscar e encontrar”. Há também uma referência à tristeza dos Apóstolos: “Chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará”. Mais adiante, porém, Ele dirá: “Mas a vossa tristeza se transformará em alegria”. É a Lei pascal, que compreende a morte para se chegar à ressurreição, presente em toda espiritualidade cristã. O próprio mundo nela se insere. A morte não é um fim, é a porta de entrada da feliz e eterna morada de Deus. A bem-aventurança não se limita ao pensamento humano. Compreende também seu agir e seus sentimentos, pois a feliz experiência de Deus envolve o ser humano em sua totalidade.     
          A profundidade e a segurança definitiva dessa alegria são proclamadas por Jesus, cujos acordes soam no cântico da liturgia pascal: “Ressuscitado, o Cristo não morre mais”. No tempo de ausência terrena de Jesus está presente o Espírito Consolador e a aflição, no presente, será prelúdio da alegria definitiva. Após a Santa Ceia, o discurso de Jesus torna-se forte apelo à alegria, característica da era messiânica. Pois a celebração da Ceia abre o mundo ao imenso amor de Deus e permite aos discípulos respirar além dos limites da criação. Escreve S. Leão Magno: “Assim como a ressurreição do Senhor foi para nós causa de alegria na solenidade pascal, assim sua ascensão aos céus é causa do gozo presente, já que recordamos e veneramos devidamente, desde agora, aquele no qual a humildade de nossa natureza senta-se em companhia de Deus Pai”. Em Jesus nossa tristeza se transforma em verdadeira alegria. É alegria antecipada!
          A natureza humana foi assumida, em sua plenitude, pela pessoa divina de Jesus. Retornando para junto do Pai, Jesus leva, com ele, nossa nova natureza, purificada do pecado, isenta de toda iniquidade e livre da corrupção. Pelo batismo, somos parte do corpo de Cristo e, na união com Deus, tornamo-nos partícipes da vida divina. Então, como criaturas, nós somos santificados pela humanidade de Deus e nossa alegria é plena uma vez que só em Deus somos verdadeiramente nós mesmos. Proclama S Cirilo de Alexandria: “A dignidade do Filho de Deus passou à humanidade inteira por meio do Espírito Santificador”, no qual a obra de Jesus chega ao seu termo. A partir de sua Ascensão, ele “poderá ser tocado não mais pela mão carnal, mas pela contemplação do espírito” (S. Leão Magno). Realmente, “a tristeza se transforma em alegria”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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