Reflexão do Evangelho do dia 12 de Maio de 2013
Domingo – 12 de maio
Lc 24, 46-53: Ascensão do Senhor
A Ascensão, fato testemunhado pelos Apóstolos,
coloca todo o Evangelho e a missão de Jesus sob o signo da alegria e do retorno
ao Pai. Jesus parte para junto do Pai, para
a realidade de Deus. S. Gregório de Nazianzo, comentando a ascensão, proclama
que Jesus, “com sua morte, vivifica e destrói a morte. Sepultado, ele
ressuscita e ascende aos céus, de onde virá julgar os vivos e os mortos”.
Também nós, no poder de Jesus, retornamos ao Pai, como peregrinos a caminho da
feliz comunhão eterna com Ele.
No mistério da Encarnação, nossa
humanidade foi assumida pelo Filho de Deus. A submissão divina, kénosis, não é
diminuição de sua divindade, mas manifestação de seu inefável amor por todas as
criaturas. Pela humanidade do Filho, somos santificados e triunfa em nós a vida
divina, pois “Deus se fez portador da carne, para que o homem pudesse tornar-se
portador do Espírito” (S. Atanásio). Há uma integração voluntária de Deus na
realidade humana, que culmina na doação generosa e despretensiosa de sua vida.
Agora, exaltado na glória, junto do Pai, ele leva consigo nossa natureza
humana, deificada. Realidade sublime, que nos torna criaturas novas e
partícipes de sua vida incorruptível e imortal.
S. Agostinho descreve nossa
participação na vida divina como ação da graça santificante. Os autores
anteriores falam de deificação (théosis). Realidade no século futuro, mas,
desde já, presente na vida do cristão, preparando-o para a união definitiva com
Deus. Deificar-se ou divinizar-se é participar da vida de Deus e manifestá-la
no agir e no pensar. Superação constante, realização contínua, que se torna
perpétua na eternidade de Deus. A vida cristã é retorno para o Pai, no qual ela
já se encontra, plenamente, graças à Pessoa do Filho Jesus.
Para que tal retorno se efetive, Jesus
manda que seus discípulos anunciem o Evangelho da salvação a todos os povos e
por todo o universo. A salvação e o Evangelho são destinados a todos, sem
exceção: “Fazei que todos os povos se tornem discípulos, batizando-as em nome
do Pai, do Filho e do Espírito. E ensinando-os a observar tudo quanto vos
ordenei”. Quem ouve Jesus e age segundo sua palavra obtém a remissão dos
pecados, pois diz ele: “Todo poder me foi dado no céu e na terra”. S. Jerônimo
comenta que “no céu e na terra lhe foi dado o poder, de modo que quem primeiro
reinava no céu, reine também na terra por meio da fé dos seus discípulos”.
Então, com S. Irineu, reconhecemos que “não seremos partícipes da imortalidade
sem uma estreita união, na fé, com o Imortal”.
Junto do Pai, sentado à sua direita,
Jesus continua dizendo que ninguém está só, excluído ou perdido. No silêncio do
seu amor, ele aguarda “o mundo inteiro para fazer parte da vida divina e
tornar-se tudo o que Deus é exceto a identidade de natureza” (S. Máximo, o
Confessor).
Oração: “Ó Deus todo-poderoso, a
ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e
fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na
esperança a participar da sua glória”. Por Cristo, nosso Senhor. Amém!
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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