Reflexão do Evangelho do dia 18 de Maio de 2013


Sábado – 18 de maio
Jo 21, 20-25: O destino dos Apóstolos Pedro e João

          Ao longo de sua missão pública, Jesus emprega o verbo “permanecer” por diversas vezes. Já no início de suas pregações, vendo André e o “outro discípulo” e visando colocá-los em seu seguimento, ele lhes diz: “Vinde e vede”. O verbo “ver” ou o ato de ver tem um papel importante no processo joanino do conhecimento, o que permite situar S. João entre as testemunhas oculares da vida de Jesus. De fato, logo após, o Evangelho narra que ambos permaneceram com Ele “aquele dia”, expressão que designa a união íntima deles com Jesus. Tornam-se seus discípulos, pois deixam tudo para segui-lo.
          A figura jovem e mística do evangelista S. João nos impressiona, sobretudo, na celebração da última Ceia e no momento da crucifixão de Jesus.  Na Cruz, João representa todo verdadeiro discípulo de Jesus e recebe Maria como sua mãe. Orígenes escreve: “Ainda hoje, Jesus diz a cada um de nós: eis tua mãe”. Na última Ceia, ele repousa sua cabeça sobre o coração de Jesus e aí permanece à escuta de sua Palavra, partilhando de sua intimidade a ponto de permanecer nele e ele em sua vida. O que confere um colorido todo especial às palavras de Jesus a Pedro: “Se quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Segue-me tu”.
Portanto, para Jesus cada um tem a sua missão. Ao Apóstolo S. Pedro, ele confiou a Igreja e a função de confirmar os irmãos na fé e na prática da fé. Ao Apóstolo e Evangelista S.João, ele concede a graça e a luz divina para colocar-se, no tempo presente, à escuta da Palavra e ser, desde já, presença da visão beatífica, postulada pela fé e plenificada pelo amor (ágape). Aliás, ao longo do seu Evangelho, S. João tende a relativizar a perspectiva temporal e acentuar o “já agora” da vida eterna. Ao falar da comunhão contemplativa, ele revela um coração atento (noera kardia) e uma atenção total de espírito (noera proseuché), que, em tranquila serenidade, se transfiguram na luz divina. Seu objetivo é conduzir os cristãos ao “evangelho eterno” ou, em outras palavras, ao “evangelho espiritual”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM                                               

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