Reflexão do Evangelho do dia 22 de Maio de 2013
Quarta-feira – 22 de maio
Mc 9, 38-40 - O uso do nome de Jesus
Os primeiros cristãos, de origem
judaica, têm perante seus olhos o nome divino, dado pelo próprio Deus a Moisés:
“Eu sou aquele que sou”. Nome irredutível a qualquer outro nome. Realidade
inefável. A mesma ideia tinham eles a respeito do nome de Jesus, que, em seu
poder, imprime no cristão a sua imagem misteriosa, mas real, santificando-o. Opera-se
nele uma verdadeira transformação. Destaca o Apóstolo S. Paulo: “Nós refletimos
como num espelho a glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem,
cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito” (2Cor 3,17).
Se a transfiguração do homem se
realiza, graças à presença do Senhor, não só entre nós, mas em nós, seria possível
alguém apoderar-se da ação ou do ministério de Jesus? O Apóstolo S. João relata
a Jesus: “Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu
nome, e o impedimos porque não nos seguia”. O Mestre o ouve atentamente, mas, movido
pelo desejo de instrui-lo, busca abrir os horizontes de sua mente, a fim de
fazê-lo ver que a história da Salvação ultrapassa os limites da história bíblica.
A ação divina vai além dos que aderem explicitamente à sua mensagem.
No século II, Clemente de Roma fala da
história da Salvação que, regida pelas leis fundamentais da doçura, da paz e da
humildade, compreende judeus e cristãos, mas também pagãos. Neste sentido,
escreve S. Agostinho: “Como existe na Católica o que não é católico, assim
também pode haver algo católico, fora da Católica”. O Apóstolo S. Paulo exclama:
“Cristo é proclamado, e com isso eu me regozijo” (Fl 1,18). Ele reproduz a
resposta dada por Jesus aos Apóstolos: “Não o impeçais, pois não há ninguém que
faça um milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim”. O que leva S.
Agostinho a comentar: “Jesus permite que ele continue a agir, pois assim
recomendava seu nome, útil a muitos”.
À diferença dos escribas e fariseus,
intransigentes, Jesus recomenda aos Apóstolos uma atitude de tolerância e de
bondade. Os sentimentos dos Apóstolos, talvez de inveja ou de ciúme, deveriam
ser superados pela satisfação de ver o bem realizado. Aliás, o bem do próximo
suscita experiência diversa: amor ou inveja. Quem ama regozija-se com o bem, o invejoso,
ao invés, sente-se diminuído pelo bem do outro. Porém, sem prender-se a tais
reações, Jesus quer transportar os Apóstolos acima de suas estreitas ideias e,
assim, introduzi-los nos mistérios da sabedoria e do conhecimento de Deus. Pois
alçar os olhos é deixar arder em seus corações o amor divino e desejar o bem do
próximo. Então, eles compreenderão as palavras do Mestre: “Quem não está contra
nós está conosco”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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