Reflexão do Evangelho do dia 16 de Maio de 2013


Quinta-feira – 16 de maio
Jo 17, 20-26: Que todos sejam um como nós, ó Pai.
         
          Jesus coloca os Apóstolos diante de dois momentos de sua vida: sua missão terrena e seu retorno para junto do Pai. Ele apareceu neste mundo pecador como nosso Salvador, tornando-se um indivíduo de nossa história para nos conduzir ao Pai. Pasmos, perguntamo-nos: como é que a salvação de todos depende dele? De acordo com o Evangelho de S. João a nossa relação com o Filho se estabelece pelo fato de ele ter assumido nossa carne, tornando-se homem. Ele não é simplesmente “um” (en) algo, ele é este único, em quem somos “um” (eis) só ser. Foi o que Paulo compreendeu às portas de Damasco, ao ouvir: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Ora, ele estava atrás não de Cristo, mas dos cristãos. Por isso, ao ouvir a voz do alto, ele reconhece que Cristo e os cristãos são um só. De fato, ao longo do Evangelho, o próprio Jesus diz aos Apóstolos: “Quem vos recebe, a mim recebe, quem vos rejeita, a mim rejeita”. E não menos vigorosa é a afirmação: “Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”.
          É a solidariedade com Cristo, é a união em Cristo de toda a humanidade regenerada. Compreende-se a bela frase de S. Gregório de Nazianzo: “O que não foi assumido, não foi salvo”. Ou a de S. Atanásio: “Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus”. De fato, o Concílio de Calcedônia professará que Jesus, sendo Deus, é consubstancial ao Pai e, sendo homem, é consubstancial a nós em sua humanidade. Essa comunhão com Cristo realiza-se graças ao Espírito Santo.  Seu fogo purificador nos transforma e nos molda à semelhança de Cristo.
Impedindo-nos de nos isolarmos, o Espírito Santo nos impulsiona a viver a unidade e a comunhão plena. Por Jesus, alcançamos a natureza secreta do Deus vivente, em sempre nova plenitude de comunhão. Penetramos no espaço infinito de amor e de comunhão do Deus trino. Assim, graças à generosidade do amor divino, afastamo-nos da falsa felicidade ou da posse dos bens aparentes e somos introduzidos na unidade de Deus, o Sumo Bem. E vivendo o mistério de Cristo, à imagem de quem fomos criados, participamos da vida divina no eterno “Presente” de Deus. É a infinita dileção de Deus, revelada em Jesus. É o amor salvador, descido do mais alto dos céus, rorejando o orvalho vivificante da graça em nossos corações de carne. Amor, que ao se dar recria, transfigura e ressuscita. Nele, somos um, como o Filho é um com o Pai, no Espírito Santo.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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