Reflexão do Evangelho do dia 14 de Maio de 2013


Terça-feira – 14 de maio
Jo 15, 9-17: Amai-vos como eu vos amei

          Começou o reino do amor e foi dissolvida a escravidão do pecado e da morte. Na cruz do Calvário apareceu a nova vida para toda a humanidade, pois em Jesus deu-se a reconciliação com o Pai. Nos braços abertos e transpassados do Senhor refulge a luz do perdão e do verdadeiro amor, iluminando a todos, sem restrição. “Este é o dia que o Senhor fez para nós” (Sl. 117,24), “dia muito diferente daqueles que foram estabelecidos desde o início da criação do mundo e que são medidos pelo decurso do tempo. Este dia é o início de uma nova criação” (S. Gregório de Nissa). . 
          Ao entregar seu Filho à morte, “este dia” é prova de que Deus nos ama e nos comunica sua vida divina. Exclama o Apóstolo S. Paulo: “Nada nos poderá separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus nosso Senhor”. O sol desse dia brilha para todos, permitindo-nos entrever que Deus, diante da alternativa de condenar ou salvar, escolheu salvar. Ouve-se Jesus dizer: “Como Filho e herdeiro do Pai, eu liberto os homens da escravidão, eu transformo a lei que condena em graça que justifica” (S. Cirilo de Alexandria).
          Mediante a fé em Cristo, “este” é o dia da nova Aliança, válida para todos. Amigo e servidor não se opõem, estão unidos, como o Filho bem-amado e o servidor. Eis o novo homem, criado pelas palavras do Mestre: “Amai-vos como eu vos amei”! Afastam-se as turbulências e, rejeitando todo tipo de separação, o homem nascido da graça divina professa que o próximo do outro é ele mesmo e neste amor, ele se une a Jesus, reconhecendo-o no aprisionado, no abandonado e no sofredor. A nova criação, cuja lei maior é o amor, dá origem ao homem novo, criado à imagem e semelhança de Deus. Jamais se enclausurando na galera do egoísmo e das veleidades, ele se compreende “em relação” a Deus e ao próximo, e reconhece que “esta comunhão é vida” (S. Irineu) e “uma vida sem eternidade é indigna do nome de vida. Verdadeira vida é só a vida eterna” (S. Agostinho).
          “Este é o dia que o Senhor fez”, dia da liberdade, assegura-nos o filósofo ao dizer: “As ações de um homem não podem ser mais livres de quanto não o seja seu próprio eu” (M. Scheler). Deus o quer livre, além do que ele possa imaginar. Sem liberdade, ele deixaria de existir, porque ser livre é viver, é alcançar, “às apalpadelas”, a sua identidade e a inefável sabedoria. A força que o impele se expressa na recomendação do Senhor: “Isto vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.

Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM

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