Reflexão do Evangelho do dia 02 de Maio de 2013
Quinta-feira – 02 de maio
Jo 15, 9-11: Assim como o Pai me amou,
também eu vos amei
A fonte e o modelo do nosso amor
fraterno é Jesus. Ele próprio proclama: “Se praticais o que vos ordeno, vós
sois meus amigos”. Compromisso de aliança e de união. À primeira vista, parece-nos
que mandamento e amor são estranhos um ao outro. Porém, o amor de Jesus não é
mero sentimento, é expressão do seu coração aberto na cruz e expressa sua generosa
e gratuita doação de vida, no cumprimento da vontade do Pai. Pasmos,
reconhecemos que, em sua doação gratuita e irrevogável, o nosso amor fraterno se
transforma em sacramento de Cristo, um “outro Cristo”, no dizer de S. João
Crisóstomo. E, no esplendor da bondade
divina, os limites mais altos de nossos desejos são superados, pois somos introduzidos
pelo Crucificado na grandeza de sua doação: “Ninguém tem maior amor do que
aquele que dá a vida por seus amigos”.
Compartimos o fluxo do amor que o Pai
e Ele têm para conosco, amor que levou o Pai a enviar ao mundo seu próprio Filho
Unigênito. Nele, nós nos abeiramos da plenitude da graça, da vida, da paz e da alegria,
existentes em Deus. O amor do Pai e do Filho manifesta-se em nossa vida e, pela
ação do Espírito divino, nos penetra e nos arrasta. Assim, a alegria que o
Senhor encontra em nós atinge a sua plenitude e “nossa alegria torna-se plena”.
Contanto que observemos os seus mandamentos, como ele guarda “os preceitos do
Pai e permanece em seu amor”.
Os Santos Padres não cessam de entoar
loas ao amor de Cristo. S. João Crisóstomo exclama: “Olha como Jesus cuida dos
que o crucificam e o insultam com furor. Eis Jesus falando com o Pai e dizendo:
‘Perdoai-lhes porque não sabem o que fazem’. Mais tarde, ele envia seus
discípulos para anunciar-lhes a Boa-Nova do Evangelho. Imitemos essa caridade
no seguimento do Senhor”. No pressentimento do amor do Pai, o discípulo sente e
ama seu semelhante, que ele experimenta como existência pessoal, única, situada
para além dos seus limites. O outro se torna uma “marca” indelével em sua imagem
de Deus. Diz o abade Agatão: “Se eu pudesse encontrar um leproso, doar a ele o
meu corpo e tomar o seu, eu seria felicíssimo. Eis o verdadeiro amor!”
Ao unir-se ao Senhor, na entrega de
sua vida em benefício de toda a humanidade, o discípulo alimenta e revigora seu
amor fraterno. S. João Clímaco conta ter visto, “um dia, três monges,
humilhados da mesma maneira e no mesmo momento. O primeiro se sentiu cruelmente
ofendido, perturbou-se, mas permaneceu em silêncio. O segundo provou alegria
pessoal, mas tristeza pelo ofensor. O terceiro pensou unicamente no dano do seu
próximo, e chorou cheio de compaixão. Um estava sob o influxo do temor, o outro
animado pela esperança da recompensa, o terceiro animado pelo amor”.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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