Reflexão do Evangelho do dia 10 de Maio de 2013
Sexta-feira – 10 de maio
Jo 16, 20-23: Ninguém vos tirará vossa
alegria
Perante a possibilidade da morte, o
homem, exposto à presença do nada, sente-se angustiado. Quisera abranger o
mundo, mas o tempo, que emoldura o horizonte de sua vida, é fugaz. Um suspiro
nasce d’alma, ao erguer-se diante de seus olhos o mistério da morte, mistério
que o supera e o ameaça. Assim, o
anúncio da morte iminente de Jesus vai muito além do círculo dos Apóstolos.
Eles escutam-se no silêncio de seus corações e leem nas palavras de Jesus um
convite à confiança e ao amor. Vacilam, entretanto, em abrir seus corações. Percebendo
a indecisão deles, Jesus os consola e leva-os a pressentir a esperança do nascimento
para uma vida nova, proclamada por sua ressurreição de entre os mortos. A
ruptura e a separação, causadas pela morte, trazendo angústia e tristeza, são
suplantadas pela alegria interior, causada pela felicidade pascal. A oposição
entre vida e morte é vencida pela ressurreição, porta de entrada da beleza e grandeza
da vida na glória eterna e feliz do Pai.
Atento aos sentimentos de seus
discípulos, que hão de se entristecer com a sua morte e o término de sua missão
terrena, Jesus lhes diz: “Chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se
alegrará”. E, consolando-os, acrescenta: “Mas a vossa tristeza se transformará
em alegria”. Não uma alegria passageira e efêmera, mas ele os conduz à
verdadeira alegria (eis cháran), à sua própria alegria, fruto do amor e que S.
Francisco de Assis denomina “alegria perfeita”. Cume da purificação interior e prelúdio
da perfeição escatológica. Os Padres gregos falam de serenidade (apátheia), à
qual S. João Clímaco se refere como “virtude que é o paraíso na terra”.
Ao longo dos seus ensinamentos, Jesus
volta a falar da alegria. A alegria, comunicada por Ele aos seus discípulos, emerge
como expressão do amor e desabrocha como doação generosa e ilimitada aos irmãos.
Então, ela se transfigura e o Ressuscitado lhes permite atingir a serenidade
(apátheia), “a alegria, que ninguém vos tirará”. Momento sublime, em que o espírito
humano alcança sua integridade e vive a “sobriedade” (nepsis) e o discernimento
(diákrisis) na união com Deus.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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