Reflexão do Evangelho do dia 26 de Maio de 2013
Domingo – 26 de maio
Jo 16, 12-15 – SS. Trindade - Um Deus
em três Pessoas
Desde a antiguidade grega, grande é o
desejo de se chegar a Deus, fonte de felicidade. Persegue-se o ideal do Bem e
do Belo, pelo qual o ser humano entra em contato com a realidade divina. O mérito consiste em postular um ideal moral
e em colocar a questão de Deus em termos existenciais, que impulsionam o homem
a buscar Deus e, mesmo, a imitá-lo. No entanto, em tal visão filosófica, não se
concebe a possibilidade de um diálogo com o Ser supremo.
Na Revelação divina da Bíblia, ao invés
disso, Deus torna-se acessível e estabelece uma relação dialogal conosco. S.
Basílio Magno fala de “um discurso do espírito com Deus” para designar a
oração, diálogo entre Deus e o homem. Orígenes, grande teólogo, intui que este
diálogo, realizado durante a peregrinação terrena, é participação do diálogo
eterno “no céu” entre o Pai e o Filho no Espírito Santo. Deus é concebido como
plenitude de amor. E ao se revelar, em Jesus, como Pai, ele nos permite entrar,
graças ao Espírito Santo, no interior de sua natureza secreta, espaço de amor,
espaço trinitário. Pois cada Pessoa divina é um modo único e próprio de dar e
de receber a essência divina. Assim, o Filho, gerado pelo Pai, desde toda
eternidade, permanece unido a Ele no amor. O vínculo de amor, que os une, é uma
Pessoa, o Espírito Santo.
Orígenes utiliza a imagem da luz para
expor o mistério trinitário. O Pai, fonte da luz divina, deseja iluminar todos
os corações. Mas, por causa do pecado, o homem encontra-se envolto em trevas. O
Pai não desiste. Em seu amor
infinitamente inesgotável, ele envia seu próprio Filho, esplendor da luz
divina. Nascido da Virgem Maria, ele assume nossa humanidade e anuncia o
Evangelho da Salvação. Os que o acolhem serão chamados de iluminados
(photismoi), no dizer de S. Justino.
O Pai, fonte da luz divina, por seu
Filho, esplendor dessa luz, ilumina-nos e confere-nos a missão de viver a união
com Deus na comunhão fraterna. Permanecer na luz é dom do Espírito Santo. Presença
e permanência da luz divina, o Espírito nos leva à prática da virtude e nos
torna fiéis à mensagem de Jesus. “Pois onde está a luz, escreve S. Atanásio, aí
também está o esplendor da luz; e onde está o esplendor, aí está a sua graça
eficiente e esplendorosa”. Afastam-se de nós as trevas da divisão, do egoísmo,
do pecado e da mentira. Reinam em nós a concórdia e a paz. Então, cada cristão
será uma “pessoa trinitária” e estará em comunhão com todos.
Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM
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