Reflexão do Evangelho do dia 07 de Outubro de 2012


Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Domingo – 07 de outubro
Mc 10, 2-12: Perguntas sobre o divórcio

        Os fariseus perguntam a Jesus: “É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja?” Eles conheciam as determinações do Deuteronômio e a discussão existente entre os rabinos a respeito do motivo que legitimava o repúdio da própria mulher. A expressão do Dt 24,1 era pouco precisa. Alguns a interpretavam em sentido mais estrito, restringindo-a a uma conduta desonrante, escola de Shammai. Ou em sentido mais amplo, escola de Hillel, segundo a qual se podia repudiar a mulher por não importa qual motivo. A pergunta dos fariseus é, portanto, capciosa e visa colocar Jesus à prova.
        Compreendendo o que estava no coração de seus ouvintes, o Senhor situa a questão no quadro dos desígnios do Pai. Sem negar a Lei, é necessário superá-la não se deixando limitar por ela. Por isso, ele os conduz ao amor de Deus, manifestado no gesto inicial da criação do universo. Diz ele: “Não lestes que desde o princípio o Criador os fez homem e mulher?” Refere-se, diretamente, à criação de Adão, mas, como S. João no prólogo do seu Evangelho, reporta-se, sobretudo, ao “princípio” não temporal, mas absoluto e eterno, isto é, à nossa eleição em Deus. Pois antes da fundação do mundo, nos desígnios eternos do Pai, somos chamados a ser, na caridade, imagem da Trindade, “homens e mulheres” santos e imaculados diante de Deus.
        A semente da Verdade encontra-se presente em cada um de nós, porquanto todos têm, inscrita no mais profundo de sua natureza, a marca indelével da Vontade do Pai. E ela permanece em nós, através dos tempos e das civilizações, não menos presente que a natureza humana saída das mãos de Deus. Por isso, o Senhor afirma: “O que Deus uniu o homem não separe”. Considera-se, assim, ilegítima a lei autorizando o divórcio, como também se reconhece que nenhum poder humano tem o direito de atentar contra a liberdade dada e respeitada por Deus, nem dispor, pela eutanásia ou pelo aborto voluntário, da vida, dom precioso e sagrado. A vida não é propriedade nossa. Ela pertence a Deus. E ele concede sua graça e seu poder aos que buscam seguir o caminho da santidade segundo seu estado de vida. S. João Crisóstomo considera que “as palavras de Deus sobre a união entre o homem e a mulher demonstram que essa não deve jamais ser infringida”.
        À luz desses princípios, desde cedo, o matrimônio vai se realizar na Igreja diante do seu ministro: “In facie ecclesiae”. S. Inácio de Antioquia testemunha tal prática em sua carta a S. Policarpo: “Convém que os homens e as mulheres que se casam, contratem sua união com o parecer do bispo, a fim de que seu matrimônio seja feito segundo o Senhor”.                                                                                                                                       


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