Reflexão do Evangelho do dia 09 de Outubro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Terça-feira – 09 de
outubro
Lc 10,38-42: Marta e
Maria
O texto narra que Jesus e seus Apóstolos
“estavam a caminho”. Expressão esta utilizada, algumas vezes, para indicar a
subida do Senhor a Jerusalém. Através de outras informações bíblicas, sabe-se
que a casa de Marta e Maria distava uns três quilômetros da cidade santa. Como
mais tarde Zaqueu, Marta recebe Jesus em sua casa. Fato que desperta em nós o
desejo de recebê-lo em nossa casa, em nossa vida. Enquanto Marta, pelo muito
serviço, estava ocupada, Maria, sua irmã, permanecia “sentada aos pés do
Senhor, escutando sua palavra”. Atitude
característica dos discípulos, atentos à palavra do Mestre.
O título Senhor, dado por Marta, indica
a presença de Jesus na Igreja, à qual todos os cristãos devem se referir na
escuta obediente de sua Palavra. Maria representa os fiéis, semelhantes a ela,
atentos e dóceis às palavras de Jesus. Marta, em meio aos muitos afazeres,
solicita a ajuda de sua irmã. A resposta afetuosa de Jesus a alerta para não se
inquietar nem se agitar, embora o gesto de Marta refletisse a delicadeza de uma
amizade que jamais pensa ter feito o suficiente. Porém, Jesus julga propícia a
ocasião para remetê-la ao alimento essencial: à sua Palavra. Ela é o verdadeiro alimento, o próprio Jesus,
que será entregue para a salvação de todos os homens.
Diz Jesus: “Uma só coisa é necessária e
Maria escolheu a melhor parte”. Frase que será muito comentada nos primeiros
séculos da vida da Igreja. S. Efrém não hesita em preferir o amor atuante de
Marta ao repouso contemplativo de Maria, enquanto outros autores estabelecem a
superioridade da escuta da Palavra sobre o serviço aos pobres. Orígenes une os
dois aspectos, afirmando que o “segredo do amor será apreendido por aquele que
se entrega à ação, com a condição de ele se aplicar ao mesmo tempo à
contemplação, à doutrina e à ação. Não há ação nem contemplação válidas, uma
sem a outra”. S. João Crisóstomo reconhece que Jesus “respondendo a Marta não
censura o trabalho, nem a ação, mas quer que se considere o tempo. Pois não se
pode preterir o tempo da instrução espiritual. Advoga-se não o ócio, mas a
escuta da palavra. Defende-se a hospitalidade, sem minimizar o tempo da
instrução”.
Eis a grande lição do Evangelho de hoje:
A escuta do Evangelho é o tesouro, a pérola, o único necessário, ao qual se
sacrificam todas as demais coisas. Assim, na livre escolha da vocação, a vida
ativa e a contemplativa devem se conjugar, escreve S. Ambrósio, “pois se Marta
não tivesse escutado a Palavra, ela não teria assumido o serviço”.
Comentários
Postar um comentário