Reflexão do Evangelho do dia 17 de Outubro de 2012
Reflexão de Dom
Fernando Antônio Figueiredo para:
Quarta –feira – 17 de
outubro
Lc 11, 42-46: Ai de
vós fariseus (II)
Os
fariseus cumprem a Lei com escrupulosa exatidão, indo ao extremo de pagar o
“dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças”. No entanto,
negligenciam as exigências da caridade e da justiça para com os pobres e
desvalidos. Exteriormente, comportam-se de modo exemplar, mas, interiormente,
estão distantes e afastados do verdadeiro cumprimento da Lei dada por Deus a
Moisés. De um lado um rigorismo exagerado, do outro lado descuido e omissão.
Jesus
refere-se, muitas vezes, à Lei, no desejo de que ela seja cumprida em seu verdadeiro
sentido e em todas as suas exigências. Ressoam as palavras dos profetas
apregoando o direito, a misericórdia e a fidelidade, evidenciando que Jesus não
veio para abolir a Lei, mas para observá-la: “Importa praticar estas coisas,
mas sem omitir aquelas”. De fato, ele urge a prática do mandamento do amor a
Deus e ao próximo, descurado pelos fariseus e que os discípulos deverão viver,
sem jamais desprezar as demais exigências da Lei. Pois para o amor convergem a
Lei e as profecias. Escreve S. Cirilo de
Alexandria: “Eles descuravam, como se não houvesse importância tais deveres que
são obrigatórios a todos, a justiça e o amor a Deus”. O que move o seguidor de
Jesus não é, portanto, a vaidade ou o desejo de vanglória e o reconhecimento
dos outros, mas o cumprimento da vontade do Pai. As palavras do Senhor
tornam-se, então, incisivas: “Estai atentos a não fazerdes vossa justiça diante
dos homens, para que vos vejam; de outro modo não tereis recompensa diante de
vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6,1).
“Aí
de vós fariseus”, expressão interpretada não como sendo uma condenação, mas
como um apelo de Jesus à conversão ou transformação interior do coração. Ele
anseia orientá-los à realização da vontade de Deus, revelada plenamente em sua
pessoa e em sua mensagem. Por isso, por julgarem-se os únicos verdadeiros
intérpretes da Lei, os doutores da Lei sentem-se ofendidos e consideram
indevidas as palavras de Jesus. Rejeitam-no e tudo fazem para que o povo não
acolha a sua Palavra. A propósito desse fato, Jesus fala da necessidade de
purificação, entendida não como a limpeza do “copo e do prato”, mas como
purificação interior. Antes de tudo, é preciso ver se o que está dentro de nós
(tò entós) está ou não moralmente limpo, pois só um coração puro, livre “de
rapina e de intemperança”, verá a Deus.
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