Reflexão do Evangelho do dia 14 de Outubro de 2012
Reflexão de Fernando
Antônio Figueiredo para:
Domingo – 14 de
outubro
Mc 10, 17-27: O jovem
rico
Desejoso
de encontrar paz e felicidade, um jovem procura Jesus. Desde a primeira palavra,
emergem de seus lábios questões sobre a bondade e a felicidade. A própria
saudação do jovem é muito significativa: “Bom Mestre”, diz ele. Talvez,
quisesse sentir-se seguro da salvação, pois não era costume acrescentar o
epíteto “bom” ao título “mestre”. Mas Jesus aproveita o pensamento do jovem
para remetê-lo a Deus, o único Bem absoluto, modelo de santidade. Embora sincero, o jovem não se mostra ainda
capaz de atingir as realidades mais sublimes, pela prática dos conselhos
evangélicos, sobretudo, o da pobreza. Daí o fato de “retirar-se muito triste,
porque possuía muitos bens”. Não nos parece que Jesus quisesse levá-lo, imediatamente,
a esta reação. Muito provavelmente, ela se deu porque as palavras do Mestre não
correspondiam exatamente ao que ele esperava.
Todo
o episódio gravita ao redor das posses do jovem rico. De fato, nos primeiros
passos de sua entrega ao Senhor, a porta de acesso ao céu vincula-se aos bens
materiais. Possivelmente, ele guiava-se pela ideia de que as riquezas e o
sucesso terreno seriam sinais das bênçãos divinas. Por isso, S. João Crisóstomo
não o considera como alguém movido por más intenções ou “avaro e escravo do
dinheiro”. Possuidor de uma mentalidade materialista e, sendo presunçoso, ele deposita
toda sua confiança em si mesmo e em seus bens. Nessa sua ótica, o fato de
chamar Jesus de “bom Mestre” estaria refletindo a esperança de ganhar, através do
agrado e do elogio, a glória eterna. Jesus quer ajudá-lo e, segundo seu
costume, procura elevar esse seu desejo, até certo ponto compreensível, às
perspectivas sobrenaturais da fé. O bom e a felicidade, aludidos pelo jovem,
identificam-se com Deus, que se nomeia a verdade e a bondade. Daí a insistência
de Jesus: “Só Deus é bom”.
O jovem é convidado a
trilhar o caminho da perfeição. Diz-lhe o Senhor: “Uma só coisa te falta, vai,
vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu”. Estabelece-se a oposição
entre o Bem supremo, único capaz realmente de trazer a felicidade eterna, e a
multiplicidade insuficiente das riquezas. As palavras do Mestre são claras: a
paz e a confiança interior só podem ser encontradas em Deus. O verdadeiro tesouro
é Deus e não a posse de bens materiais, como julgava o jovem, que ao ouvir
Jesus se afasta e não o segue. S. Agostinho observa: “Quanto se deve amar a
vida que não terá jamais fim! Tu que amas esta vida na qual sofres e te afliges,
em meio a tantas preocupações, busca a vida eterna, onde não suportarás estes
sofrimentos, mas reinarás eternamente com Deus”. Eis a riqueza essencial do ser
humano!
O
próprio Evangelho interroga: Onde está o teu coração? Pois onde está o teu
tesouro, aí estará o teu coração. O jovem é posto diante de uma séria decisão: Deus
ou as riquezas materiais. Sem desprezá-las, ele é exortado a não colocar nelas
o essencial da vida. Lembremo-nos da parábola da pérola preciosa ou do tesouro
escondido no campo. Quem os encontra,
sacrifica tudo para obtê-los, pois só Deus pode, finalmente, satisfazer o
desejo profundo do coração. De fato, escreve Clemente de Alexandria: “Quem experimenta
a bondade do Pai celestial, testemunhada pelo próprio Cristo, Verbo de Deus, sente-se
atraído para Deus e está pronto a se abandonar em suas mãos”.
Comentários
Postar um comentário