Reflexão do Evangelho do dia 29 de Outubro de 2012

Reflexão de Dom Fernando Antônio Figueiredo para:
Segunda-feira – 29 de outubro
Lc 13, 10-17: Cura da mulher encurvada
                 
        “Jesus ensinava numa das sinagogas aos sábados e eis que havia lá uma mulher toda encurvada, com um ‘espírito de enfermidade’”. O Mestre pede-lhe que se aproxime e diz-lhe: “Mulher, estás livre de tua doença e lhe impôs as mãos”.  A sinagoga estava repleta. A expectativa de todos era grande. Naquele gesto bondoso e misericordioso manifesta-se o poder divino de Jesus, e a mulher, endireitando-se, rende graças a Deus. Revela-se, assim, o objetivo dos milagres, glorificar a Deus, a exemplo da vida e da morte de Jesus. S. Agostinho comenta: “A humanidade toda inteira, como aquela mulher, estava recurvada sobre a terra. Os chefes eram incapazes de compreender os preceitos que Deus tinha dado, pois os consideravam em sentido terreno e não espiritualmente”.
        De fato, os fariseus não reconhecem, naquele ato, a ação da graça divina e não se deixam penetrar pelo poder transfigurador de Jesus. A hipocrisia deles torna-se patente quando, presos às suas observâncias rituais e não reconhecendo o milagre, simplesmente alegam ter Jesus transgredido a Lei, curando em dia de sábado. Laivos profundos de crítica brotam de seus lábios ao recordarem o ritmo divino da criação. Após lembrarem que há seis dias para o trabalho, concluem: “Portanto, vinde nestes dias para serdes curados, e não no dia de sábado!” De modo sútil, mas claro, Jesus afirma sua inteira liberdade e autoridade perante as prescrições da Lei. Se até aquele momento, o Evangelista o chama de Jesus, a partir de então, ele será chamado de Senhor.  
        Ao curar no dia do sábado, o Senhor proclama que Deus não se cansa jamais de manifestar sua bondade, seu amor e sua misericórdia para conosco. Para fazer o bem, não há descanso. Diz S. Irineu: “Os sábados ensinam a perseverança no serviço de Deus, durante todo o tempo em que vivemos da fé”. S. Ambrósio observa que “não tendo compreendido nada do que acontecia, o chefe da sinagoga queria impedir que se realizassem curas no dia de sábado, esquecendo que o sábado é figura do repouso festivo futuro. Por isso, não há repouso para as obras boas, mas só para as más”. O zelo pela observância do sábado ou do domingo não justifica cegar-se às exigências da caridade, à evidência da bondade e da misericórdia de Deus.    

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